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26 de setembro de 2025 - 20h34
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DÓLAR

Dólar recua após dados de inflação nos EUA e expectativa de corte de juros pelo Fed

Moeda americana fecha a semana com leve alta, mas acumula queda em setembro; real se valoriza diante de cenário externo mais favorável

26 setembro 2025 - 17h45Antonio Perez
Dólar.
Dólar. - (Foto: Estadão)

Após dois dias seguidos de alta, o dólar encerrou a sessão desta sexta-feira (26) com queda de 0,49%, cotado a R$ 5,3360. A moeda americana perdeu força em meio ao otimismo dos mercados globais com dados de inflação abaixo do esperado nos Estados Unidos e declarações de dirigentes do Federal Reserve (Fed) que abriram espaço para novos cortes na taxa de juros.

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A moeda teve mínima de R$ 5,3360 e máxima de R$ 5,3663 no pregão. No acumulado da semana, o dólar ainda registra uma leve valorização de 0,32%. Porém, no mês de setembro, o desempenho é negativo, com recuo de 1,55%. No acumulado do ano, a queda chega a 13,63%.

Analistas destacam que o comportamento da moeda ao longo da semana esteve mais ligado ao cenário externo do que a fatores domésticos. O dólar global, medido pelo índice DXY — que compara a divisa americana a uma cesta de moedas fortes —, também recuou nesta sexta-feira, embora ainda acumule alta de 0,50% na semana e de cerca de 0,30% em setembro.

O estrategista-chefe da Monte Bravo Investimentos, Alexandre Mathias, explica que os movimentos da taxa de câmbio seguiram principalmente as oscilações do DXY, que refletem as expectativas do mercado em relação às futuras decisões do Fed. Segundo ele, a leitura mais benigna da inflação divulgada nesta sexta reforça a possibilidade de cortes nos juros.

"A inflação que importa foi a que saiu hoje e está comportada. A dúvida agora é quando o Fed vai cortar. Nossa visão é que ele faz três cortes seguidos, dois neste ano e um em janeiro", afirmou Mathias. "Se o dólar global permanecer estável ou em leve queda, e com o Fed reduzindo os juros, o real pode se valorizar mais em outubro."

O principal dado do dia foi o índice de preços de gastos com consumo (PCE) dos EUA, que veio dentro das expectativas, tanto no comparativo mensal quanto anual. Esse indicador é uma das métricas preferidas do Fed para avaliar a inflação. O núcleo do PCE, que exclui alimentos e energia, também ficou em linha com as projeções.

Outro dado relevante foi o índice de sentimento do consumidor da Universidade de Michigan, que caiu de 58,2 em agosto para 55,1 em setembro, abaixo da estimativa de 55,9. O dado reforça a percepção de desaceleração da economia americana, o que pode pressionar o banco central a agir com mais rapidez para evitar uma recessão.

Embora temas políticos internos, como as especulações sobre uma possível candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, à presidência em 2026, estejam no radar, os analistas apontam que o real foi mais influenciado pelo ambiente externo nesta semana. A única exceção foi na terça-feira (24), quando o dólar caiu para R$ 5,2791 após sinais de aproximação entre os presidentes Lula e Donald Trump durante a Assembleia Geral da ONU.

O comentário de Trump sobre ter "excelente química" com o presidente brasileiro, e a possibilidade de um futuro encontro entre os dois, animaram os investidores com a perspectiva de redução de tarifas comerciais impostas ao Brasil.

O Banco Central divulgou nesta sexta que o Brasil registrou déficit de US$ 4,669 bilhões nas transações correntes em agosto, abaixo da expectativa do mercado. Em 12 meses, o rombo equivale a 3,51% do Produto Interno Bruto (PIB), o menor percentual desde janeiro.

Já os Investimentos Diretos no País (IDP) somaram US$ 7,989 bilhões em agosto, acima do previsto pelos analistas, o que reforça a confiança externa no país. Ainda assim, o volume não é suficiente para cobrir completamente o déficit nas contas externas.

Para Alexandre Mathias, o cenário ainda inspira cautela no médio prazo: “A expectativa é de que a taxa de câmbio fique entre R$ 5,50 e R$ 5,80 no final do ano, por conta do fluxo cambial negativo no fim do ano, das incertezas fiscais e da instabilidade política”.

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