
O dólar encerrou a sexta-feira (5) em queda de 0,63%, cotado a R$ 5,4124, após ter atingido a mínima de R$ 5,3826 pela manhã. O movimento foi impulsionado por dados decepcionantes do mercado de trabalho dos Estados Unidos, que aumentaram as apostas em cortes mais agressivos da taxa de juros pelo Federal Reserve (Fed) ainda neste ano.

Apesar do recuo, a divisa encerrou a semana com variação tímida, acumulando leve baixa de 0,18%. Em agosto, o dólar já havia registrado queda de 3,19%. No acumulado de 2024, a moeda americana perde 12,42% frente ao real, que segue como a moeda com melhor desempenho entre as principais economias latino-americanas.
A principal influência para a queda foi o relatório de emprego (payroll) dos EUA, divulgado nesta sexta, que apontou a criação de apenas 22 mil vagas em agosto — número muito abaixo da expectativa de 76 mil. Dados anteriores também foram revisados, com o resultado de junho passando de saldo positivo para eliminação líquida de postos de trabalho.
Segundo o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, os números ampliam significativamente a chance de cortes nos juros americanos. “O mercado já falava em dados fracos, mas o resultado veio pior do que o esperado. Agora se discute até um corte de 50 pontos-base na próxima reunião”, afirmou.
Na parte da tarde, no entanto, o dólar perdeu força diante de declarações mais cautelosas de dirigentes do Fed. Austan Goolsbee, presidente do Federal Reserve de Chicago e membro votante neste ano, afirmou que o ritmo de contratações pode estar artificialmente baixo por conta da política migratória da gestão Trump. Ele também ressaltou a necessidade de acompanhar a inflação de serviços antes de definir seu voto.
Goolsbee afirmou estar "indeciso" sobre o que propor na próxima reunião, marcada para 17 de setembro, mas suas observações reduziram o entusiasmo do mercado quanto a um corte mais agressivo.
“A fala dele serviu como um freio no otimismo que dominou os mercados pela manhã”, comentou Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos. “Ele deixou em aberto a possibilidade de corte de 50 pontos, mas deixou claro que isso depende de uma inflação muito fraca na próxima leitura.”
O índice DXY — que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de moedas fortes — também recuou, fechando o dia com queda de 0,60%, aos 97,770 pontos, depois de ter atingido mínima de 97,430 pontos. No acumulado semanal, a perda foi de cerca de 0,10% e, no ano, o índice já recua mais de 9,80%.
No mercado futuro, a ferramenta de monitoramento do CME Group passou a indicar aumento nas apostas de corte acumulado de até 75 pontos-base nos EUA até o fim do ano, com chances saltando de 50% para mais de 65%. A possibilidade de corte de 50 pontos-base já na reunião de setembro, antes considerada improvável, agora é vista com probabilidade superior a 10%.
Além do payroll, outros indicadores da semana, como o relatório ADP e os dados de emprego em setores de serviços e indústria, também apontaram fraqueza no mercado de trabalho, reforçando a leitura de que a economia americana pode estar desacelerando.
Fatores internos, como a queda de mais de 2% nos preços do petróleo, também ajudaram a moderar o movimento de baixa do dólar frente ao real ao longo do dia. Analistas observam que ajustes técnicos e realização de lucros também contribuíram para a correção da moeda no período da tarde.
