BANNER FESTIVAL DA CARNE 1260X200PX-v1
DÓLAR

Dólar fecha abaixo de R$ 5,40 com expectativa de corte de juros nos EUA

Moeda recua 0,27% e atinge menor valor de fechamento desde agosto; mercado reage a dados dos EUA e cenário político no Brasil

11 setembro 2025 - 18h00Antonio Perez
Dólar.
Dólar. - (Foto: Estadão)
ENERGISA

O dólar encerrou a quinta-feira (11) em queda de 0,27%, cotado a R$ 5,3922, influenciado pela expectativa de cortes nos juros dos Estados Unidos e pela movimentação política no Brasil. É o menor valor de fechamento da moeda norte-americana desde 12 de agosto.

Canal WhatsApp

Pela manhã, o dólar chegou a atingir R$ 5,3741, mínima intradiária e menor cotação desde junho do ano passado, refletindo o otimismo do mercado internacional com possíveis cortes de juros por parte do Federal Reserve (Fed), o banco central americano. No entanto, ao longo da tarde, o movimento perdeu força com ajustes técnicos e cautela frente ao cenário político interno.

A formação de maioria no Supremo Tribunal Federal (STF) para condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe, com o voto da ministra Cármen Lúcia, acendeu alerta entre investidores sobre potenciais retaliações dos Estados Unidos ao Brasil e a autoridades locais. Essa incerteza política gerou uma recomposição de posições defensivas, limitando a valorização do real.

O mercado também reagiu aos dados econômicos dos EUA. Os pedidos semanais de auxílio-desemprego vieram acima do esperado, reforçando a percepção de fraqueza no mercado de trabalho norte-americano. Essa leitura fortaleceu as apostas de que o Fed poderá ser mais agressivo na redução dos juros ainda este ano.

Segundo ferramenta do CME Group, a probabilidade de um corte acumulado de 75 pontos-base até o fim de 2025 subiu de cerca de 60% para mais de 80%. A maior parte do mercado espera uma redução de 25 pontos-base na próxima reunião do Fed, marcada para o dia 17.

Apesar de o índice de preços ao consumidor (CPI) ter subido 0,4% em agosto, acima das previsões, analistas ponderam que o dado pode ter efeito temporário, especialmente após a deflação no índice de preços ao produtor (PPI) divulgada na véspera.

“O mercado está ignorando o dado ruim de inflação e focando na fraqueza do mercado de trabalho. Isso reforça a tese de três cortes de 0,25 ponto percentual até o fim do ano”, avalia Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos.

No Brasil, além das tensões políticas envolvendo o STF e o ex-presidente Bolsonaro, a pesquisa Datafolha divulgada na tarde de quinta-feira também impactou o humor do mercado. O levantamento mostrou melhora na avaliação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que pode influenciar as expectativas eleitorais para 2026.

Segundo analistas, parte dos investidores ainda aposta que uma vitória da oposição nas próximas eleições traria uma política econômica mais alinhada ao ajuste fiscal, com potencial de valorização do real. Esse movimento, porém, ainda é visto com cautela.

Mesmo com a queda, o real teve um desempenho mais tímido nesta quinta-feira em comparação a outras moedas da América Latina, como os pesos mexicano, chileno e colombiano, que se valorizaram com mais intensidade frente ao dólar.

Ricardo Chiumento, superintendente da Mesa de Derivativos do banco BS2, afirmou que o mercado está receoso de romper de forma definitiva o suporte técnico dos R$ 5,40. “Se não fosse a tensão política interna, o dólar estaria facilmente abaixo de R$ 5,35”, avaliou.

No exterior, o índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a seis moedas fortes, caiu mais de 0,25%, fechando em torno dos 97,500 pontos, após registrar mínima de 97,473.

Assine a Newsletter
Banner Whatsapp Desktop