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24 de setembro de 2025 - 20h48
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DÓLAR

Dólar sobe e fecha a R$ 5,32 com pressão externa e incertezas fiscais no Brasil

Movimento acompanha valorização global da moeda americana após cautela do Fed; preocupações fiscais locais também pesaram sobre o real

24 setembro 2025 - 17h30Antonio Perez
Dólar americano em raios UV
Dólar americano em raios UV - (Foto: Reprodução)
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O dólar registrou alta consistente nesta quarta-feira (24), em linha com o fortalecimento global da moeda americana. O movimento ocorreu após declarações cautelosas de dirigentes do Federal Reserve (Fed), que reduziram as apostas em cortes mais agressivos de juros nos Estados Unidos.

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A moeda chegou a R$ 5,3310 na máxima do dia e encerrou cotada a R$ 5,3274, avanço de 0,91%. O desempenho do real, que vinha liderando ganhos entre divisas da América Latina no ano, ficou abaixo de seus pares regionais nesta sessão.

Segundo operadores, o ambiente externo adverso para moedas emergentes abriu espaço para correções e realização de lucros no mercado local.

Além do fator internacional, analistas apontam que a situação fiscal brasileira trouxe cautela adicional. O economista-chefe da Análise Econômica, André Galhardo, lembra que a arrecadação de agosto ficou abaixo do esperado e que declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre aumento de impostos reforçaram incertezas.

“Haddad reforçou a visão de que o governo vai continuar a se amparar no aumento da receita para cumprir as metas, em vez de rever despesas. Essa postura, ao lado da perda de arrecadação, traz dúvidas sobre as contas públicas em 2026”, disse Galhardo.

A suspensão da reunião da comissão mista que discute a Medida Provisória 1.303, que prevê taxação de rendimentos de LCIs e LCAs, também manteve atenção sobre as fontes de receita. A MP projeta arrecadação de R$ 10,5 bilhões em 2025 e de R$ 21,8 bilhões em 2026.

No exterior, o índice DXY — que compara o dólar com uma cesta de seis moedas fortes — subiu cerca de 0,60% e chegou a 97,921 pontos na máxima do dia. O avanço foi acompanhado pela alta dos rendimentos dos Treasuries, pressionando as divisas emergentes.

O mercado ainda reagia ao discurso de terça-feira do presidente do Fed, Jerome Powell, que alertou para riscos inflacionários, apesar do enfraquecimento do mercado de trabalho. Ele reforçou que a política monetária não está em trajetória predeterminada, mesmo após o recente corte de 25 pontos-base nos juros.

Na visão do secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, Powell deveria ter sinalizado cortes acumulados de até 150 pontos-base nas próximas reuniões. Ele afirmou ainda que entrevistas para a substituição do presidente do Fed, cujo mandato termina em 2026, devem começar em outubro.

Indicadores divulgados nesta quarta reforçaram a percepção de resiliência da economia dos EUA. O Departamento do Comércio informou que as vendas de moradias novas subiram 20,5% em agosto em relação a julho, bem acima da previsão de 0,3%.

Além disso, os estoques de petróleo bruto e gasolina recuaram mais que o esperado, sugerindo demanda aquecida. Para Galhardo, esses números contrastam com a desaceleração do mercado de trabalho e geram dúvidas sobre os próximos passos do Fed.

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