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NEGÓCIOS

Com nova fábrica, Dengo amplia apoio a produtores de cacau e espera lucro ainda em 2025

Marca brasileira investe R$ 100 milhões em nova unidade e projeta crescimento sem abrir mão do impacto socioambiental

24 agosto 2025 - 10h45Cristina Canas
Dengo mantém foco em pequenos produtores
Dengo mantém foco em pequenos produtores - (Foto: Divulgação)
ENERGISA

Fundada com a proposta de unir sabor, propósito e sustentabilidade, a marca brasileira de chocolates Dengo está prestes a dar um passo decisivo rumo à lucratividade e à expansão nacional. Com um investimento de R$ 100 milhões em uma nova fábrica em Itapecerica da Serra (SP), a empresa pretende quintuplicar sua capacidade de abrir lojas a partir de 2026 e chegar a 250 unidades até 2030.

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A nova planta vai complementar a produção da fábrica atual, em Santo Amaro (SP), que abastece 54 lojas — 52 no Brasil e duas em Paris. A aposta no crescimento não compromete os princípios da marca, que mantém como centro de sua operação o apoio a pequenos e médios produtores de cacau do Sul da Bahia e da Amazônia.

“Ou se criava um negócio que tivesse um modelo de impacto socioambiental por trás, que fizesse bem para o produtor, para o planeta e para o consumidor, resultando num produto de muita qualidade, ou não faria sentido”, afirma a diretora de marketing da Dengo, Renata Lamarco.

De negócio de impacto a modelo de escala - Criada em 2017 por Guilherme Leal (sócio da Natura) e Estevam Sartoreli, a Dengo nasceu em meio ao cenário de pobreza deixado pela praga da vassoura-de-bruxa nas lavouras baianas. Desde o início, o propósito era claro: transformar a realidade de produtores locais, incentivando o cultivo de cacau de alta qualidade em sistemas sustentáveis e gerando renda para famílias da região.

Hoje, cerca de 200 famílias fornecem cacau para a Dengo. Eles utilizam o sistema cabruca, que preserva a Mata Atlântica remanescente, evita o desmatamento e protege a biodiversidade. A estimativa é de que esses produtores entreguem 500 toneladas de cacau à marca ainda este ano.

Além do cacau, os agricultores fornecem outros ingredientes típicos da floresta, como castanhas e frutas nativas, que compõem receitas de sabores únicos, como cupuaçu com castanha e cacau 70%, e limão com tapioca. “Percebemos, logo no início, que se uníssemos tudo isso, conseguiríamos gerar uma renda ainda maior para o produtor”, conta Lamarco.

Da crise à recuperação: rumo ao lucro - A caminhada até a rentabilidade, porém, não foi simples. A Dengo ainda não havia alcançado o ponto de equilíbrio — o chamado break-even — por conta de dois eventos: a pandemia, que forçou o fechamento das lojas, e a alta histórica do preço do cacau, que saltou de US$ 2.500 para até US$ 10.500 a tonelada no valor pago pela empresa.

Mesmo diante do cenário adverso, a Dengo manteve o compromisso com seus fornecedores. “Inicialmente, pagamos até 120% acima da cotação do cacau commodity. Isso era necessário para garantir a produção e a renda dessas famílias”, explica Lamarco.

Agora, com o novo ciclo de investimento e expansão, a empresa projeta atingir o lucro ainda em 2025. “Sustentabilidade começa com ser financeiramente sustentável. A gente entende que existe um tempo para isso acontecer, e estamos chegando lá”, diz a diretora.

Capacidade limitada trava crescimento - Atualmente, o maior entrave ao crescimento da Dengo não é a matéria-prima, mas a capacidade produtiva. “As máquinas operam a 100%. O desafio agora é ter espaço para crescer”, afirma Renata Lamarco.

O novo parque industrial será responsável por destravar esse gargalo. Com a ampliação, será possível atender a mais de 250 pontos de venda, sem comprometer a qualidade nem os vínculos com os pequenos produtores.

Segundo a executiva, a empresa já mapeou que existem mais de 5 mil famílias na Bahia aptas a fornecer cacau de qualidade, sinalizando um potencial de crescimento sustentável de longo prazo.

Inovação com propósito: do papel à floresta - A preocupação ambiental da Dengo não se limita à lavoura. A marca também inova nas embalagens e processos produtivos, com metas ambiciosas como o “plástico zero”. Atualmente, 7% do material utilizado ainda é plástico, mas a empresa lançou, depois de dois anos de pesquisa, a primeira trufa do mundo com embalagem 100% em papel.

“Testamos mais de 20 protótipos até chegar a essa solução. E decidimos não patentear a embalagem porque queremos que outras marcas também adotem o material. Quanto mais gente usar, melhor para o planeta”, diz Lamarco.

Além disso, a Dengo usa chita — tecido brasileiro barato e colorido — em parte das embalagens, incentivando o reaproveitamento pelos consumidores, que podem transformar os materiais em almofadas, jogos americanos ou outras peças.

A empresa também compensa suas emissões de carbono e se compromete com as metas de redução previstas na Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), assumidas voluntariamente pelo Brasil na agenda climática da ONU.

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