
O neurocientista e CEO da DeepMind, Demis Hassabis, afirmou na última sexta-feira (12), em Atenas, que a habilidade mais importante para as próximas gerações será “aprender a aprender”. Vencedor do Prêmio Nobel de Química de 2024, o cientista alertou que o avanço acelerado da inteligência artificial (IA) exigirá um novo modelo de desenvolvimento educacional e profissional para lidar com transformações constantes.

“É muito difícil prever o futuro, como daqui a dez anos, em casos normais. É ainda mais difícil hoje, dado o quão rápido a IA está mudando, até mesmo semana a semana. A única coisa que se pode dizer com certeza é que uma grande mudança está por vir”, disse Hassabis, em discurso realizado em um antigo teatro romano aos pés da Acrópole.
IA geral pode chegar em até 10 anos, diz Nobel
Hassabis é um dos nomes mais influentes da tecnologia mundial. Ele cofundou o laboratório DeepMind em 2010, adquirido pelo Google em 2014. No ano passado, foi laureado com o Nobel de Química ao lado de sua equipe por desenvolver sistemas de IA capazes de prever com precisão o dobramento de proteínas — um feito que representa um marco para a medicina e o desenvolvimento de novos medicamentos.
Durante sua fala, o cientista também destacou que a chamada inteligência artificial geral — máquinas com capacidades intelectuais semelhantes às humanas — pode se tornar realidade dentro de uma década. Esse cenário, segundo ele, poderá gerar um mundo com “abundância radical”, embora também traga riscos significativos.
Educação precisa priorizar ‘meta-habilidades’
Para Hassabis, o ritmo das mudanças torna obsoleta a ideia de formação única para toda a vida. “Uma coisa que saberemos com certeza é que você terá de aprender continuamente... ao longo de sua carreira”, afirmou.
Ele defendeu que escolas e instituições de ensino priorizem o desenvolvimento de meta-habilidades, como a capacidade de adaptação e estratégias eficazes para adquirir novos conhecimentos. “Entender como aprender e otimizar sua abordagem para assuntos novos será tão essencial quanto dominar disciplinas tradicionais como Matemática ou Ciências”, explicou.
Governo da Grécia quer IA em serviços públicos
O primeiro-ministro da Grécia, Kyriakos Mitsotakis, participou do evento e discutiu com Hassabis formas de expandir o uso da inteligência artificial nos serviços públicos do país. Ele destacou a necessidade de tornar os benefícios da IA visíveis para a população, alertando para os perigos de uma concentração excessiva de poder econômico nas mãos de poucas empresas de tecnologia.
“A menos que as pessoas realmente vejam benefícios, benefícios pessoais, para esta revolução (da IA), elas tenderão a se tornar muito céticas”, afirmou. “E se elas virem riqueza obscena sendo criada dentro de pouquíssimas empresas, será uma receita para uma agitação social significativa.”
