
Campo Grande tem olhado menos para os lados e mais para o alto. Até 2031, a cidade deve ganhar pelo menos 60 novos prédios residenciais. O número impressiona e marca uma mudança no jeito de morar dos campo-grandenses. A cidade que um dia cresceu deitada, com casas e quintais largos, agora se estica para cima.

A informação vem dos Estudos de Impacto de Vizinhança, os famosos EIVs, publicados no site da Planurb, órgão responsável pelo planejamento urbano da capital. Os dados mostram que os novos prédios estão espalhados por toda a cidade, de bairros tradicionais como o Carandá Bosque e Chácara Cachoeira, até áreas de expansão como a Vila Nasser e Jardim Veraneio.
O motivo para tanto concreto subindo? Mais gente procurando moradia, menos espaço para construir casas e um mercado imobiliário que anda aquecido nos últimos anos.
A cidade das torres - A paisagem da cidade vai mudar. Um dos maiores empreendimentos será construído no lugar onde funcionava a antiga Clínica Carandá. O terreno vai dar espaço para quatro prédios, somando 418 apartamentos e seis salas comerciais. Um deles vai ter 32 andares. Em comparação: o prédio mais alto da cidade hoje tem 29.
Outro projeto ambicioso está na Avenida Afonso Pena, de frente para o Parque das Nações Indígenas e o Bioparque Pantanal. Serão duas torres de 29 andares, com 100 apartamentos, além de área comum para os moradores. Em outras palavras, apartamentos com vista e pé na natureza – pelo menos na vista da sacada.
No Jardim Veraneio, um prédio de 25 andares e 200 apartamentos está previsto para 2028. E na Avenida João Arinos, o plano é ainda maior: centro comercial, hotel e condomínio residencial no mesmo espaço, com padaria, supermercado, cervejaria, coworking e até escola de culinária.
Um novo jeito de morar - O que antes era quintal, hoje é varanda gourmet. O que antes era espaço para plantar goiabeira, agora vira salão de festas. Os apartamentos tipo estúdio, pequenos e funcionais, crescem na preferência de quem quer morar perto da universidade, do trabalho ou do shopping.
Os prédios de luxo também têm seu espaço. Na Rua Doutor Zerbini, um prédio de 23 andares com apartamentos de quase 200 m² está previsto para 2030. Cada unidade terá três suítes, varanda ampla, cozinha e lavabo. A área promete ser das mais valorizadas da cidade.
Na Vila Nasser, dois condomínios com 576 apartamentos cada estão previstos para os próximos dois anos. Na Avenida Heráclito Diniz de Figueiredo, o projeto inclui 880 apartamentos e 18 lojas comerciais. Campo Grande não está só crescendo – está se transformando.
O mercado de olho - Segundo o presidente do Secovi-MS, sindicato que representa o setor imobiliário, ninguém investe milhões se não houver quem queira comprar. E, pelo visto, comprador é o que não falta. O mercado se mostra forte, as construtoras se movimentam, e os canteiros de obras se multiplicam.
O impacto vai além da construção civil. Cada novo apartamento representa emprego, compra de móveis, eletrodomésticos e circulação de dinheiro. A economia gira. A cidade se mexe. E tudo começa com um buraco no chão e um monte de concreto subindo.
O que isso muda na cidade? A verticalização muda a paisagem, sim. Mas muda também a forma de se relacionar com o espaço urbano. Morar em prédio significa dividir elevador, garagem, academia e salão de festas. Significa estar mais perto de tudo – mas também mais perto dos outros.
Com a entrega das novas torres entre 2025 e 2031, o perfil da cidade vai mudando aos poucos. Casas com muros baixos dão lugar a portarias com controle de acesso. O silêncio das ruas tranquilas será trocado pelo barulho da betoneira – pelo menos até tudo ficar pronto.
