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27 de setembro de 2025 - 11h32
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ECONOMIA

'CPF dos imóveis' começa em 2026 e pode impactar cálculo do IPTU, dizem especialistas

Cadastro Imobiliário Brasileiro (CIB) usará valor de mercado como referência e gera preocupação sobre possíveis aumentos no imposto

27 setembro 2025 - 08h10Maria Edite Vendas
Criação do Cadastro Imobiliário Brasileiro (CIB), chamado 'CPF dos imóveis', tem impacto incerto sobre valores de IPTU no País
Criação do Cadastro Imobiliário Brasileiro (CIB), chamado 'CPF dos imóveis', tem impacto incerto sobre valores de IPTU no País - ( Foto: Taba Benedicto/ Estadão)

A partir de 2026, entra em vigor o Cadastro Imobiliário Brasileiro (CIB), conhecido como o “CPF dos imóveis”. O sistema passará a reunir dados de cartórios, prefeituras e da Receita Federal, estabelecendo como valor de referência o preço de mercado das propriedades.

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A medida integra a Reforma Tributária e será usada como base para a cobrança dos novos impostos sobre consumo — a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), previstos para 2027. No entanto, a atualização dos valores gera apreensão entre proprietários e investidores, principalmente quanto ao impacto no cálculo do IPTU.

Mesmo sem alteração das alíquotas, a atualização do valor venal dos imóveis — utilizado para calcular o imposto — pode resultar em aumento das cobranças. O Ministério da Fazenda e a Receita Federal afirmam que o CIB não cria novos tributos e que não há previsão de alta automática. Ainda assim, especialistas divergem.

Para Ely Wertheim, presidente do Secovi-SP, o cadastro não deve elevar o IPTU em São Paulo e, em áreas supervalorizadas, poderia até reduzir o valor. “Tecnicamente, a gente entende que não haverá aumento. O objetivo do CIB é servir de referência para transações, não para definir imposto”, afirmou.

Já o advogado Vinícius Seixas, do escritório Pinheiro Neto, considera possível que o cruzamento de dados incentive prefeituras a atualizar os valores venais. “Se houver atualização, pode sim haver impacto no IPTU e nos retornos de investidores imobiliários”, disse.

Thiago Yaak, CEO da startup Liquid, lembra que muitos imóveis no Brasil ainda são tributados com valores venais defasados. “Se o CIB aproximar o valor do imposto ao preço real de mercado, moradores de regiões valorizadas podem enfrentar aumentos significativos”, afirmou.

Além do IPTU, o CIB pode influenciar outros tributos, como o ITBI (Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis) e o ITCMD (Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação), pois ambos também usam o valor venal como base de cálculo.

Entre as capitais consultadas, São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba e Aracaju afirmaram que não haverá aumento automático de IPTU com a implantação do CIB. Já a prefeitura de Boa Vista reconheceu a possibilidade de elevação do imposto, caso os novos dados apontem valores de mercado maiores que os atuais.

O Rio de Janeiro também admitiu que a integração de informações pode levar a ajustes, mas ressaltou que qualquer mudança dependerá de estudos técnicos e transparência na comunicação com os contribuintes.

Segundo Gustavo Favaron, CEO do GRI Institute, experiências semelhantes já existem em países europeus, como Suécia, Noruega e Holanda. Para ele, o CIB pode trazer mais transparência e liquidez ao mercado, mas o impacto maior será sentido por famílias de classe média, mais sensíveis ao aumento de custos de moradia.

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