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SERVIÇO POSTAL

Correios anunciam plano que prevê fechar mil agências e cortar R$ 5 bilhões em despesas

Reestruturação inclui demissão voluntária, venda de imóveis e estudo para mudar modelo societário da estatal

29 dezembro 2025 - 13h55
Correios anunciaram plano de reestruturação que prevê fechamento de agências e redução de despesas nos próximos anos.
Correios anunciaram plano de reestruturação que prevê fechamento de agências e redução de despesas nos próximos anos. - Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Os Correios divulgaram nesta segunda-feira (29) um plano de reestruturação com foco na redução dos déficits acumulados desde 2022. A principal medida anunciada é o fechamento de 16% das agências próprias da estatal, o equivalente a cerca de mil unidades entre as aproximadamente 6 mil existentes em todo o país. A expectativa da empresa é economizar R$ 2,1 bilhões com o encerramento dessas operações.

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Atualmente, além das unidades próprias, os Correios contam com cerca de 10 mil pontos de atendimento mantidos por meio de parcerias. Segundo a direção da empresa, a redução no número de agências não deve comprometer a cobertura nacional dos serviços postais, obrigação prevista em lei. O presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, afirmou que o processo será conduzido de forma a preservar o princípio da universalização.

“A gente vai fazer a ponderação entre resultado [financeiro das agências] e o cumprimento da universalização para a gente não ferir a universalização ao fecharmos pontos de venda da empresa”, disse Rondon, durante coletiva de imprensa em Brasília.

Cortes e demissão voluntária - O plano apresentado prevê uma redução total de despesas de R$ 5 bilhões até 2028. Entre as medidas estão dois Programas de Demissão Voluntária (PDVs), programados para 2026 e 2027, com a meta de reduzir o quadro de funcionários em cerca de 15 mil empregados até o fim de 2027.

De acordo com a direção da estatal, cerca de 90% das despesas dos Correios são consideradas fixas, o que limita ajustes rápidos diante das mudanças do mercado. “Isso gera uma rigidez para a gente fazer alguma correção de rota quando a dinâmica de mercado assim exige”, explicou o presidente.

Além dos PDVs, o plano inclui a revisão dos benefícios oferecidos aos servidores, com foco nos planos de saúde e previdência. A estimativa é que, com a redução de pessoal e a revisão desses benefícios, as despesas com pessoal diminuam em R$ 2,1 bilhões por ano.

“O plano [de saúde] tem que ser completamente revisto e a gente tem que mudar a lógica dele porque hoje ele onera bastante. Ele tem uma cobertura boa para o empregado, mas, ao mesmo tempo, financeiramente insustentável para a empresa”, afirmou Rondon.

Déficits e situação financeira - A reestruturação já era aguardada diante dos sucessivos resultados negativos registrados pela estatal desde 2022. Segundo a direção dos Correios, a empresa convive com um déficit estrutural estimado em R$ 4 bilhões anuais, atribuído, em parte, à obrigação de manter serviços em todo o território nacional, inclusive em regiões onde a operação não é financeiramente viável.

Em 2025, os Correios acumulam saldo negativo de R$ 6 bilhões nos nove primeiros meses do ano. O patrimônio líquido da empresa também é negativo, atualmente em R$ 10,4 bilhões.

Para reforçar o caixa, a companhia informou que contratou um empréstimo de R$ 12 bilhões junto a bancos, com contrato assinado na última sexta-feira (26). Mesmo assim, a direção avalia que ainda será necessário captar outros R$ 8 bilhões para equilibrar as contas ao longo de 2026.

Venda de imóveis e mudança societária - Outro eixo do plano de reestruturação é a venda de imóveis pertencentes à estatal. A expectativa é arrecadar R$ 1,5 bilhão com a alienação desses ativos, contribuindo para o ajuste financeiro da empresa.

A partir de 2027, os Correios também pretendem discutir uma possível mudança no modelo societário. Atualmente, a empresa é integralmente pública, mas estuda alternativas como a abertura de capital parcial, transformando-se em uma companhia de economia mista, a exemplo do que ocorre com Petrobras e Banco do Brasil.

Segundo a direção, a discussão ainda está em fase inicial e depende de decisões do governo federal e de ajustes legais.

Crise no setor postal - Os Correios atribuem a crise financeira a mudanças estruturais no setor postal, que se intensificaram a partir de 2016. A digitalização das comunicações reduziu de forma significativa o volume de cartas, historicamente a principal fonte de receita da empresa. A estatal também aponta o aumento da concorrência no comércio eletrônico como um fator adicional de pressão sobre as finanças.

“É uma dinâmica de mercado que aconteceu no mundo inteiro e algumas empresas de correios conseguiram se adaptar. Várias dessas empresas ainda registram prejuízos”, disse Rondon. Como exemplo, ele citou a empresa postal dos Estados Unidos, a United States Postal Service (USPS), que também enfrenta déficits bilionários e anunciou recentemente medidas de ajuste.

Ao apresentar o plano, o presidente dos Correios afirmou que a proposta não se limita ao equilíbrio das contas. “Esse plano vai além da recuperação financeira. Ele reafirma os Correios como um ativo estratégico do Estado brasileiro, essencial para integrar o território nacional e garantir acesso igualitário aos serviços logísticos”, concluiu.

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