
A inflação oficial do Brasil, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ficou em 0,26% em julho de 2025, um leve aumento em relação aos 0,24% registrados em maio. A principal pressão veio da conta de luz, cujo aumento refletiu diretamente no cálculo da inflação, impulsionando o índice para além das expectativas.

Os preços dos alimentos, por outro lado, recuaram pelo segundo mês consecutivo, o que ajudou a amenizar a alta e evitar um aumento ainda maior do índice. Em comparação com julho do ano passado, quando o IPCA foi de 0,38%, o resultado de julho de 2025 ficou abaixo, embora ainda dentro do patamar inflacionário que preocupa o governo.
Com a alta registrada em julho, o IPCA acumula uma variação de 5,23% nos últimos 12 meses. Esse valor está acima do centro da meta do governo, que é de 3%, com uma tolerância de 1,5 pontos percentuais para mais ou para menos (limite de 4,5%). Desde setembro de 2024, a inflação está fora do centro da meta, e o ponto mais alto foi alcançado em abril de 2025, quando a taxa chegou a 5,53%. Apesar disso, o número de julho representa um pequeno recuo em relação ao 5,35% registrado em junho.
Aumento da energia elétrica
O grande vilão do mês foi a alta nas tarifas de energia elétrica, que subiram 3,04% e representaram o maior impacto no IPCA, com uma contribuição de 0,12 ponto percentual. Isso puxou o grupo de habitação, que subiu 0,91% e teve impacto de 0,14 ponto percentual no índice. A causa principal da alta foi a bandeira tarifária vermelha, patamar 1, instituída pelo governo para custear usinas termelétricas durante a baixa nos reservatórios das hidrelétricas. A cobrança adicional de R$ 4,46 a cada 100 kWh consumidos, iniciada em junho, foi mantida em julho, pressionando ainda mais os preços.
Além da bandeira tarifária, aumentos regionais nas contas de luz em estados como São Paulo, Curitiba, Porto Alegre e Rio de Janeiro também impactaram o índice nacional de inflação, refletindo-se no IPCA.
Sem o impacto da alta na conta de luz, o IPCA de julho teria sido de 0,15%, segundo o gerente da pesquisa, Fernando Gonçalves. Esse dado evidencia como a energia elétrica tem sido um fator central para o aumento da inflação nos últimos meses.
Acumulo de 2025
De janeiro a julho de 2025, as tarifas de energia elétrica subiram 10,18%, bem acima do IPCA acumulado no mesmo período, que foi de 3,26%. Este é o maior aumento registrado de janeiro a julho desde 2018, quando a variação foi de 13,78%, destacando a pressão significativa que o aumento nas contas de luz tem exercido sobre a economia doméstica.
