
O consumidor brasileiro com mais de 50 anos está ganhando protagonismo e deve movimentar R$ 3,8 trilhões do PIB em 2044, segundo pesquisa do Data8, hub especializado em longevidade. Apesar do peso econômico, boa parte desse público afirma que o mercado ainda não oferece produtos adequados às suas necessidades.

De acordo com o levantamento, 4 em cada 10 brasileiros acima de 55 anos não encontram opções pensadas para sua faixa etária. Vestuário, calçados e acessórios são os itens mais citados como carentes de adaptação, segundo 56% dos entrevistados.
O estudo aponta que a ausência de soluções não tem relação com falta de poder de compra. Sete em cada dez pessoas acima dos 50 anos vivem com seus próprios rendimentos, e três em cada dez ainda ajudam financeiramente filhos e netos.
Segundo Michelle Queiroz, da Fundação Dom Cabral, o cenário é reflexo da chamada “revolução da longevidade”, impulsionada pelo aumento da expectativa de vida, pelo crescimento da população idosa e pela queda da taxa de natalidade no País.
O mercado de moda é um dos que mais sentem essa transformação. A Nordestesse, plataforma que reúne 70 marcas de vestuário e design do Nordeste, já tem maioria de clientes com mais de 50 anos, relata a fundadora Daniela Falcão. Para ela, conforto é o que mais atrai esse público, além de tempo e renda disponíveis para consumo.
A pesquisa também mostra que o mercado de luxo está cada vez mais nas mãos da geração prateada, que busca exclusividade, qualidade e personalização.
Para a pesquisadora Thais Farage, o perfil de consumo também reflete uma transformação cultural. “As mulheres 50+ chegaram a essa idade com mais independência financeira e vida ativa do que imaginavam”, afirma. Segundo ela, a antiga visão da “velha ridícula” perdeu espaço, e as marcas precisam acompanhar a mudança.
Empresas já começam a se adaptar. O Grupo Boticário, por exemplo, criou o Pacto Prateado, movimento contra o etarismo que também inspira novos produtos. A linha Botik ampliou seu portfólio com itens voltados a mulheres na menopausa, testados em consumidoras de até 70 anos.
Apesar do avanço, especialistas alertam que ainda há desconexão entre publicidade e realidade do público 50+. Para Michelle Queiroz, o primeiro passo é simples: “ouvir quem consome e investir em pesquisas específicas para esse mercado”.
