
O governo da China emitiu um alerta direto ao México nesta quinta-feira (11), advertindo o país latino-americano a reconsiderar seus planos de aumentar tarifas de importação sobre produtos vindos de nações sem acordo comercial. A medida, caso confirmada, afetaria principalmente fabricantes chineses de automóveis e outros setores estratégicos, como têxteis, aço e eletrodomésticos.

Em comunicado divulgado pelo Ministério do Comércio chinês, o porta-voz da pasta afirmou que a decisão poderá provocar retaliações por parte de Pequim. Segundo ele, a iniciativa do México seria uma resposta à pressão dos Estados Unidos e um retrocesso no compromisso com o livre comércio.
“Em um momento em que o abuso de tarifas pelos EUA gerou ampla oposição global, os países devem fortalecer a comunicação e a coordenação para salvaguardar conjuntamente o livre comércio e o multilateralismo, em vez de sacrificar os interesses de terceiros por motivo de coerção”, disse o porta-voz chinês.
Proposta mexicana mira US$ 52 bilhões em importações
O governo mexicano anunciou esta semana que pretende elevar tarifas sobre uma ampla gama de produtos importados de países com os quais não possui acordos comerciais vigentes. A proposta faz parte de uma estratégia para fortalecer a indústria nacional e substituir importações oriundas da Ásia.
Se aprovada, a medida pode impactar mais de US$ 52 bilhões em importações, abrangendo automóveis, aço, calçados, brinquedos, eletrodomésticos e têxteis. A China, como principal parceiro comercial fora de acordos com o México, seria diretamente afetada.
O setor automobilístico é um dos mais vulneráveis. Os carros chineses já representam cerca de 20% das vendas de veículos novos no mercado mexicano, segundo dados oficiais.
China vê pressão dos EUA por trás da medida
Para Pequim, a movimentação mexicana estaria alinhada aos interesses dos Estados Unidos, que têm elevado sua retórica protecionista e imposto tarifas sobre produtos chineses em diversas frentes.
“Ações unilaterais desse tipo serão vistas como submissão à pressão dos EUA. E nós tomaremos as devidas medidas para proteger nossos direitos e interesses”, alertou o Ministério do Comércio da China.
Impacto nas relações comerciais
A possível escalada da tensão comercial entre México e China acende um alerta em meio ao frágil equilíbrio geopolítico global. Os dois países mantêm laços econômicos relevantes e são peças centrais em cadeias de suprimentos industriais interconectadas.
Para analistas, o movimento mexicano também reflete os desafios enfrentados por países que buscam equilibrar os interesses de seus principais parceiros comerciais — neste caso, os EUA e a China — em um cenário de disputas cada vez mais frequentes.
A decisão final sobre as tarifas ainda depende de trâmites internos no governo do México. No entanto, o tom adotado por Pequim indica que a questão poderá se transformar em um novo ponto de tensão no tabuleiro comercial global.
