
A Administração-Geral das Alfândegas da China (GACC) aprovou a habilitação de 183 empresas brasileiras para exportação de café ao país asiático. A autorização foi oficializada na última quarta-feira (30) e terá validade de cinco anos, segundo informou a Embaixada da China no Brasil, em publicação feita na rede social X. O anúncio foi compartilhado pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.

A medida abre espaço para a ampliação das exportações brasileiras ao mercado chinês em um momento delicado no comércio internacional, com a aproximação da entrada em vigor da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos ao café brasileiro, a partir do dia 6 de agosto.
Potencial em crescimento, mas ainda modesto
Apesar da nova habilitação, a China ainda representa uma fatia pequena do mercado internacional do café brasileiro. Em 2024, o país foi o 14º maior comprador do grão, com um volume de 55,9 mil toneladas e receita de US$ 216,2 milhões, segundo dados do Agrostat, sistema de estatísticas do agronegócio do governo federal.
No primeiro semestre deste ano, os embarques somaram 31,5 mil toneladas, com faturamento de US$ 197 milhões. Em contraste, os Estados Unidos — principal destino do café nacional — importaram 471,5 mil toneladas no mesmo período.
Tarifa americana impulsiona atenção à China
A habilitação das empresas brasileiras ocorre em meio à escalada comercial entre Estados Unidos e Brasil, após o governo norte-americano, sob gestão de Donald Trump, confirmar uma sobretaxa de 50% sobre o café brasileiro, que passará a valer no dia 6 de agosto.
Com isso, exportadores nacionais começam a ver a China como uma alternativa estratégica para redirecionar parte das vendas. Em nota recente, a Embaixada da China no Brasil destacou que as importações líquidas de café pelo país cresceram 6,5 vezes entre 2020 e 2024 — um sinal de mudança nos hábitos de consumo chineses.
Consumo ainda é baixo, mas promissor
Embora a China seja tradicionalmente consumidora de chás, o interesse pelo café tem aumentado, especialmente nas grandes cidades e entre o público jovem. O consumo per capita ainda é baixo: apenas 16 xícaras por ano, em comparação com a média global de 240. Porém, esse número vem crescendo, sustentado pela abertura de cafeterias e o fortalecimento de marcas locais.
Parceria com a Luckin Coffee pode acelerar exportações
Um dos pilares dessa expansão pode vir da parceria firmada entre a rede chinesa Luckin Coffee e a ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos). Em 2023, as duas partes assinaram um memorando de entendimento prevendo a compra de 240 mil toneladas de café brasileiro entre 2025 e 2029, com expectativa de gerar US$ 2,5 bilhões em receita.
A Luckin Coffee é a maior rede de cafeterias da China, com mais de 22 mil lojas, e já figura como a principal importadora de café brasileiro no país — tanto de grãos verdes quanto especiais.
Expectativas do setor
Com o novo cenário, a expectativa do setor cafeeiro brasileiro é de que o mercado chinês se torne uma frente de crescimento sustentável para as exportações. A habilitação de 183 empresas é vista como um passo estratégico, não apenas para diversificar os destinos das vendas, mas também para reduzir a dependência dos EUA, num momento de tensão nas relações comerciais bilaterais.
