A China anunciou a descoberta de uma jazida de urânio em profundidade recorde de 1.820 metros, localizada na Bacia do Tarim, região desértica e remota da província de Xinjiang, no noroeste do país. Segundo comunicado divulgado na última sexta-feira, 18, pela estatal China National Nuclear Corporation (CNNC), trata-se da "mais profunda descoberta de urânio do tipo arenito com valor industrial já registrada no mundo".
A nova jazida foi localizada em uma área desabitada e de difícil acesso, em camadas geológicas até então pouco exploradas. Para o governo chinês, o feito representa um avanço estratégico, tanto do ponto de vista tecnológico quanto energético. A estatal afirma que a descoberta coloca a China na vanguarda global da prospecção em grandes profundidades, especialmente em terrenos desafiadores como desertos.
Tecnologia de ponta e inovação geológica
A descoberta só foi possível graças à aplicação de tecnologias avançadas de mapeamento, incluindo imagens de satélite, levantamentos aéreos e perfuração em alta profundidade. De acordo com a CNNC, foi desenvolvido um modelo geológico inovador para prever a presença de urânio em subsuperfícies complexas, além de novas técnicas de perfuração que permitiram alcançar profundidades sem precedentes.
A pesquisa foi conduzida por especialistas do Instituto de Pesquisa em Geologia do Urânio de Pequim em parceria com geólogos da própria CNNC. Juntas, as equipes construíram um sistema de exploração descrito como "integrado, ecológico e eficiente", voltado especificamente para regiões desérticas.
Importância estratégica para a energia nuclear
O urânio é matéria-prima essencial para a geração de energia nuclear, fonte cada vez mais central para os planos energéticos da China. O país busca reduzir sua dependência de combustíveis fósseis e expandir sua matriz energética limpa, com forte aposta em reatores nucleares de nova geração.
A descoberta na Bacia do Tarim fortalece esse plano ao ampliar as reservas domésticas de urânio, diminuindo a necessidade de importações e reforçando a autonomia energética do país. Segundo a CNNC, a exploração em regiões como Xinjiang também preenche uma "lacuna importante" na prospecção de urânio em áreas com cobertura desértica, antes consideradas impraticáveis.
Liderança global em mineração profunda
Com a nova jazida, a China se consolida como líder em exploração subterrânea profunda de minerais estratégicos, ultrapassando marcas registradas anteriormente em outros países. O tipo de urânio encontrado — do grupo conhecido como "tipo arenito" — é considerado particularmente relevante por ser mais acessível à extração química e apresentar alto valor industrial.
Além disso, a localização extrema e o ambiente geológico inóspito tornam a descoberta pioneira não só pela profundidade, mas também pela viabilidade técnica do modelo de prospecção adotado. A experiência acumulada poderá, segundo os cientistas chineses, ser replicada em outras regiões do planeta com características geológicas semelhantes.
Interesse crescente por urânio no mundo
A descoberta ocorre em um momento de crescente atenção global ao mercado de energia nuclear. Com a intensificação da transição energética e o objetivo de reduzir as emissões de carbono, países desenvolvidos e emergentes estão revendo suas estratégias energéticas, o que inclui o aumento da demanda por urânio.
Diante disso, a jazida descoberta pela China representa não apenas um trunfo doméstico, mas também uma vantagem geopolítica, ao posicionar o país de forma mais competitiva no fornecimento de combustível nuclear. A CNNC, uma das maiores empresas do setor nuclear no mundo, já tem presença internacional significativa em construção e operação de reatores civis.
