
Enquanto o Grupo Carrefour enfrenta boicotes de grandes frigoríficos no Brasil, as unidades em Campo Grande, localizada na Avenida Afonso Pena e no Atacadão da Duque de Caxias, seguem com estoques consideráveis de carne. A reportagem do jornal A Crítica visitou as lojas nesta segunda-feira (25) e constatou que os freezers estavam abastecidos, com reposição ativa no Carrefour da Afonso Pena.

Freezers estavam com diversos produtos da Bordon - (Foto: Lorena Sone)
Assim como no Carrefour, funcionários do Atacadão foram vistos reabastecendo os displays com cortes de carne bovina, indicando que, pelo menos por enquanto, as lojas na Capital sul-mato-grossense não sentiram os impactos da interrupção no fornecimento por frigoríficos como JBS, Marfrig e Masterboi. Esses fornecedores suspenderam as entregas ao Carrefour após a decisão do grupo francês, anunciada na última semana, de não comprar carne do Mercosul para comercialização na França.
Apesar dos 'buracos', funcionários estavam abastecendo produtos no Carrefour - (Foto: Lorena Sone)
Frigoríficos brasileiros liderados pela JBS, que responde por 80% do fornecimento ao Carrefour no Brasil, decidiram interromper as entregas como forma de protesto contra a decisão do presidente global do grupo Carrefour, Alexandre Bompard. O executivo declarou que a medida reflete o descontentamento dos agricultores franceses com o acordo de livre-comércio entre União Europeia e Mercosul.
A suspensão já impacta cerca de 150 lojas da rede no Brasil, com previsão de desabastecimento total em até três dias. Produtos como carnes resfriadas e congeladas são afetados pela rápida deterioração.
Assim como Carrefour, no Atacadão da Duque da Caxias funcionários alegaram normalidade - (Foto: Lorena Sone)
A situação que acontece a nível nacional preocupa, já que carnes resfriadas e congeladas são afetados pela rápida deterioração - (Foto: Lorena Sone)
O Carrefour Brasil, por sua vez, afirmou em nota que "não há desabastecimento de carne nas lojas" e que a comercialização segue normalmente. No entanto, a paralisação por parte dos frigoríficos levanta preocupações sobre a sustentabilidade dos estoques.
O receio maior do setor produtivo no Brasil é a repercussão global da decisão do Carrefour, que pode influenciar outros mercados europeus e prejudicar a imagem das exportações brasileiras. A França, que comprou menos de 40 toneladas de carne bovina in natura do Brasil em 2024 (0,002% do total exportado pelo país), exerce pouca relevância no volume comercial, mas simboliza um peso estratégico nas relações comerciais internacionais. Apesar do cenário nacional de boicote, as lojas do Carrefour e Atacadão em Campo Grande seguem operando com estoques suficientes.
