1º Encontro Regional MIDIACOM MS
EXPORTAÇÕES

Carne de MS muda rota e sente pouco efeito do tarifaço dos EUA

Frigoríficos de MS suspendem vendas para os EUA, reforçam exportações para outros países e setor prevê menor impacto interno.

30 julho 2025 - 18h52Ricardo Eugenio
Frigoríficos de MS suspendem vendas para os EUA, reforçam exportações para outros países e setor prevê menor impacto interno.
Frigoríficos de MS suspendem vendas para os EUA, reforçam exportações para outros países e setor prevê menor impacto interno. - (Foto: Divulgação)

Quando Donald Trump anunciou que manteria a tarifa de 50% sobre a carne brasileira, o impacto poderia ter sido um baque para Mato Grosso do Sul, onde o setor é um dos pilares da economia. Mas, segundo os frigoríficos e representantes da indústria, a mudança não pegou ninguém de surpresa.

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Alberto Sérgio Capucci, vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados do Estado (Sincadems), disse que o ajuste já foi feito. “Não muda nada. Redirecionamos a produção desde a primeira notícia. Claro que seria ótimo estar na lista dos produtos sem tarifa, mas não ficamos. O plano segue”, afirmou.

Com a sobretaxa de 50% somada aos 10% já existentes, a carne brasileira chega aos Estados Unidos cerca de US$ 1,50 por quilo mais cara que a americana, inviabilizando as vendas. A solução dos frigoríficos foi parar de exportar para os EUA e reforçar os embarques para China, Chile e países do Oriente Médio.

Esse redirecionamento pode até beneficiar o mercado interno. Com mais carne disponível no país e uma oferta maior de boi gordo durante a estiagem, o preço para o consumidor pode cair.

Mesmo com o redirecionamento, as exportações de carne bovina do estado para os EUA somaram US$ 315,5 milhões entre janeiro e junho deste ano, alta de 11,4% sobre o mesmo período de 2024. O volume exportado caiu, mas o preço médio subiu quase 36%.

Enquanto a carne enfrenta barreiras, outros produtos de peso para o estado – como celulose e ferro-gusa – escaparam do tarifaço. Juntos, eles representam 36,6% das exportações sul-mato-grossenses para os EUA.

A Fiems (Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul) considera que ainda há espaço para negociação. O adiamento de sete dias na aplicação das novas tarifas e a lista de 700 produtos isentos são vistos como sinais positivos. Para a entidade, a diplomacia brasileira já trouxe efeitos e pode avançar, ajudando a preservar a competitividade da indústria local.

Produtos brasileiros que ficam fora da nova tarifa de exportação

Categoria Produtos incluídos
Frutas e derivados Castanhas-do-brasil com casca (frescas ou secas), polpa de laranja, sucos de laranja (congelados e não congelados)
Minérios e metais Mica bruta, minério de ferro (aglomerado e não aglomerado), minério de estanho e concentrados, prata e ouro (lingote ou dore), ferro-gusa, ligas de ferro, ferronióbio, produtos primários de ferro e aço
Combustíveis e derivados minerais Diversos tipos de carvão, linhito, turfa, coque, gás de carvão, gases naturais (propano, butano, etileno, propileno, butileno, butadieno)
Matérias-primas industriais Alumínio, silício, óxido de alumínio, potassa cáustica, produtos químicos diversos, fertilizantes, cera, resíduos petrolíferos
Produtos florestais e derivados Madeira, cortiça aglomerada, polpa química de madeira, polpa de algodão, polpa de fibras vegetais, celulose, insumos para papel, papelão, artefatos de papel/papelão
Aeronáutico e industrial Linhas, tubos e conexões industriais, metais, borracha e plásticos para aviação civil, artigos aeronáuticos (pneus, motores, peças, turbinas etc.)
Materiais diversos Pedras, fibras, crocodilita, amianto, misturas de fricção
Fertilizantes Fertilizantes minerais e químicos de diversos tipos
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