
Apesar da negativa do Banco Central, o Banco de Brasília (BRB) ainda não desistiu da compra de uma fatia do Banco Master. A instituição informou que vai avaliar a íntegra da decisão da autoridade monetária para entender os motivos da reprovação e decidir se apresentará um novo plano ou pedirá reconsideração.

A proposta de aquisição foi anunciada em março deste ano, mas dependia da autorização do BC para ser concluída. Em fato relevante, o BRB informou que a operação continua sendo vista como uma oportunidade estratégica para geração de valor ao banco, seus clientes e ao sistema financeiro. A operação é tratada como sigilosa pela autarquia, e o banco ainda aguarda acesso ao conteúdo completo da decisão.
Inicialmente, o BRB previa incorporar cerca de R$ 48 bilhões em ativos do Master. Mas, após uma análise mais detalhada, o valor foi reduzido para R$ 23,9 bilhões, o que levantou preocupações sobre a qualidade e a liquidez desses ativos.
O recuo no escopo do negócio foi interpretado por especialistas como um sinal de risco elevado. Muitos dos ativos originalmente envolvidos, como precatórios, créditos judiciais e ações de empresas em dificuldades financeiras, acabaram sendo descartados pelo BRB.
A diretoria do Banco Central seguiu o voto do diretor de Organização do Sistema Financeiro, Renato Dias de Brito Gomes, que se posicionou contra a operação. Nos bastidores, há críticas sobre o modelo de crescimento do Master, que captava recursos via CDBs com rentabilidade acima da média e os aplicava em ativos de baixo giro.
A decisão ocorre em meio a pressões políticas. Parlamentares do Centrão e da oposição vinham articulando um projeto para aumentar o controle do Congresso sobre a cúpula do BC, o que inclui a possibilidade de destituir diretores da autarquia.
O Master é alvo de investigações por parte da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que apontou suspeitas de fraudes financeiras. Um relatório da CVM indica que o banco teria investido R$ 2,1 bilhões em empresas sem capacidade econômica para gerar retorno, o que comprometeria sua estabilidade patrimonial. Segundo a autarquia, parte dos aportes teria relação com empresas ligadas à irmã do dono do banco, Daniel Vorcaro.
O banco nega irregularidades e afirma que todos os investimentos já foram quitados. No entanto, com o veto à operação, aumentam as chances de o Master sofrer intervenção direta do Banco Central, o que incluiria o afastamento dos atuais gestores e a nomeação de um interventor.
Na última semana, a Polícia Federal deflagrou a Operação Carbono Oculto. Embora o Master não tenha sido alvo direto, dois fundos da Reag — que aportaram ao menos R$ 1,2 bilhão no Master em 2024 — estão entre os investigados. A suspeita é de ocultação de patrimônio e possível ligação com o crime organizado.
O Master afirmou que a Reag é apenas uma prestadora de serviços entre tantas outras que atuam no mercado e que mantém relação comercial normal com o banco.
