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ECONOMIA

Brasil prepara resposta ao tarifaço dos EUA e plano deve ser anunciado até terça-feira

Governo vai priorizar setores mais prejudicados pela taxação de 50% sobre produtos brasileiros, com avaliação caso a caso para direcionar o apoio

7 agosto 2025 - 20h00Agência Brasil
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin - (Foto: Cadu Pinotti/Agência Brasil)

O governo federal deve apresentar até a próxima terça-feira (12) um plano emergencial para mitigar os efeitos do aumento de tarifas imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. A medida, anunciada pelo governo de Donald Trump, estabeleceu uma alíquota de 50% e atinge diretamente setores com forte presença no mercado norte-americano.

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Segundo o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, a estratégia foi finalizada e já passou pela análise do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que dará o aval final. “O presidente vai bater o martelo e aí vai ser anunciado. Se não for amanhã, provavelmente na segunda ou terça-feira”, afirmou o ministro em entrevista nesta quinta-feira (8).

O plano terá foco em empresas e setores que exportam volumes significativos para os Estados Unidos, utilizando uma espécie de “régua” para medir o grau de exposição de cada segmento. A intenção é diferenciar, dentro de uma mesma cadeia produtiva, quem sofre impactos maiores e quem mantém a maior parte da produção voltada ao mercado interno.

“Há setores em que mais de 90% da produção fica no Brasil, e outros em que metade vai para exportação. Alguns vendem mais da metade só para os Estados Unidos. Esses estão muito expostos”, explicou Alckmin.

Setores mais atingidos

O setor pesqueiro é um dos exemplos citados pelo vice-presidente. Enquanto a tilápia é consumida majoritariamente no mercado interno, o atum tem sua produção quase toda destinada ao exterior, especialmente ao mercado norte-americano.

Outra área sensível é a indústria de calçados, representada pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). Além da exportação direta, a cadeia de produção depende fortemente do couro, que, segundo Alckmin, destina mais de 40% da produção ao exterior. “O couro é ainda mais afetado que o calçado, pois é altamente exportador”, destacou.

Contatos diplomáticos

Em meio às negociações internas, Alckmin se reuniu com o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar. O encontro, realizado fora da agenda oficial, foi classificado pelo vice-presidente como “muito bom”, sem detalhes sobre o conteúdo discutido.

Antes da reunião no Ministério do Desenvolvimento, Escobar esteve com o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Nelsinho Trad (PSD-MS), e, em seguida, visitou a Câmara dos Deputados.

O governo aposta que, com medidas direcionadas e diálogo diplomático, será possível amenizar os prejuízos e proteger os segmentos mais dependentes do mercado norte-americano.

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