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ECONOMIA

Brasil tenta evitar tarifa de 50% dos EUA e pode pedir isenção para alimentos

Negociações com o governo americano seguem em andamento; plano principal é adiar ou reverter medida, que ameaça exportações brasileiras

30 julho 2025 - 08h10Redação
Governo estuda pedir aos EUA exclusão de taxas para alimentos
Governo estuda pedir aos EUA exclusão de taxas para alimentos - ( Foto: arquivo )

O governo brasileiro está em conversas com autoridades dos Estados Unidos na tentativa de barrar a implementação de uma tarifa de 50% sobre produtos nacionais, prevista para entrar em vigor nesta sexta-feira, 1º de agosto. Segundo fontes envolvidas nas negociações, o objetivo principal é reverter ou ao menos adiar a decisão americana. Como alternativa, o Brasil pode solicitar a exclusão de alimentos da lista de produtos atingidos, caso a nova alíquota seja confirmada.

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As tratativas ainda estão em estágio inicial e focam na tentativa de evitar prejuízos ao comércio exterior brasileiro. O Brasil argumenta que os Estados Unidos já registram superávit comercial com o país, o que enfraqueceria a justificativa econômica para o aumento tarifário.

A medida foi anunciada pela gestão do ex-presidente Donald Trump e, embora prevista para começar em breve, ainda depende de uma ação formal da presidência americana para entrar em vigor. Até que isso ocorra, o governo brasileiro mantém ativa sua frente diplomática.

Se não houver sucesso na reversão da tarifa, o Brasil deverá adotar uma abordagem por setores. Entre as propostas em avaliação, está a criação de cotas isentas para determinados produtos ou a exclusão de categorias como carne bovina, frutas, suco de laranja, café e pescados — setores fortemente dependentes do mercado americano.

Essa possível flexibilização, no entanto, será discutida apenas em uma segunda fase das conversas, caso o esforço inicial de barrar o tarifaço fracasse.

“A negociação setorial só virá se não houver acordo para a suspensão da medida. A ideia é mitigar os danos aos exportadores brasileiros”, revelou uma fonte com acesso às tratativas.

As conversas com o governo norte-americano estão sendo lideradas pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin. Ele tem mantido diálogo direto com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, buscando uma solução diplomática antes da oficialização da nova taxa.

Apesar do avanço do tema nas últimas semanas, o governo brasileiro ainda evita tratar a exclusão de setores como prioridade. “A meta é impedir que a tarifa seja implementada, não negociar exceções neste momento”, informou a assessoria de Alckmin.

Além do agronegócio, a Embraer também pode ser impactada pela nova política tarifária americana. Mesmo assim, fontes do governo reforçam que, por ora, o foco permanece em buscar um acordo amplo e não em pedidos pontuais de isenção.

A imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros representa um risco direto para cadeias de exportação consolidadas e pode desequilibrar a balança comercial em setores sensíveis. Embora o Brasil esteja disposto a negociar, há preocupação com o tempo: o prazo para uma resposta efetiva é curto e qualquer decisão dos EUA poderá afetar contratos já em andamento.

Em paralelo, o setor privado acompanha com apreensão os desdobramentos, especialmente empresas do agronegócio que têm grande volume de vendas para o mercado americano. O temor é que a medida seja aplicada sem margem de reação, caso a diplomacia não consiga apresentar uma alternativa viável.

Com a proximidade da data-limite, o governo brasileiro intensificou a mobilização nas últimas horas, buscando sensibilizar o governo americano para os impactos econômicos e estratégicos da decisão.

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