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INTERNACIONAL

Brasil acompanha com preocupação reforma tarifária do México que pode impactar exportações

Nova lei aprovada em caráter de urgência prevê tarifas de até 50% para países sem acordo comercial amplo

12 dezembro 2025 - 19h45Agência Brasil
Exportações brasileiras ao México podem sofrer impacto com nova reforma tarifária aprovada no Congresso mexicano.
Exportações brasileiras ao México podem sofrer impacto com nova reforma tarifária aprovada no Congresso mexicano. - (Foto: Divulgação/Porto de Santos)

O governo brasileiro monitora com atenção os desdobramentos da reforma tarifária aprovada nesta semana pelo Congresso do México, que poderá afetar diretamente as exportações nacionais. A medida, que impõe tarifas de até 50% sobre produtos importados de países com os quais o México não mantém acordos de livre comércio, ainda aguarda sanção presidencial e deverá entrar em vigor em 1º de janeiro de 2026.

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Em nota conjunta divulgada nesta sexta-feira (12), os ministérios das Relações Exteriores (Itamaraty) e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) destacaram a preocupação com os potenciais impactos sobre o comércio bilateral, especialmente em setores estratégicos. “O Brasil tem mantido contato com autoridades mexicanas para tratar dos possíveis efeitos das mudanças tarifárias”, informou o governo.

A reforma prevê a aplicação de tarifas entre 5% e 50% sobre cerca de 1.500 produtos distribuídos em 17 setores, entre eles automóveis, vestuário, siderurgia, plásticos, eletrodomésticos e autopeças. Além do Brasil, outras economias emergentes como China, Índia, Coreia do Sul, África do Sul e Rússia também serão atingidas.

Risco para exportações brasileiras

Embora o setor automotivo brasileiro possua um acordo setorial com o México, o governo teme que o novo modelo tarifário possa reduzir as vantagens existentes em outros segmentos. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima que até 15% das exportações brasileiras ao México estejam em risco com a nova legislação.

“Há preocupação de que a elevação tarifária possa reduzir as preferências bilaterais existentes em outros segmentos e afetar negativamente o comércio e os investimentos entre os dois países”, destaca a nota. O governo brasileiro afirma que seguirá engajado em um diálogo construtivo com o México para preservar a cooperação econômica e assegurar condições favoráveis aos investimentos bilaterais.

Impacto regional e geopolítico

A medida surge em um contexto de crescente pressão internacional. O México, que participa do acordo de livre comércio da América do Norte (USMCA) com Estados Unidos e Canadá, enfrenta cobranças do governo do presidente Donald Trump, que o acusa de facilitar a entrada de produtos chineses no mercado norte-americano.

O governo chinês reagiu com críticas à reforma, classificando-a como protecionista e prejudicial à economia global. Já o governo mexicano defende que a medida busca proteger a indústria nacional e promover uma concorrência mais justa. A presidente eleita, Claudia Sheinbaum, manifestou apoio à reforma e deve sancionar a lei nos próximos dias.

A tramitação da proposta foi marcada por forte controvérsia: aprovada em regime de urgência no Senado mexicano por 76 votos a favor, cinco contrários e 35 abstenções, a proposta enfrentou críticas de parlamentares que alertaram para possíveis impactos inflacionários e a ausência de debate aprofundado.

Relação bilateral em foco

Atualmente, o México é o sexto principal destino das exportações brasileiras, respondendo por cerca de 2,25% das vendas externas do país. De janeiro a novembro de 2025, foram aproximadamente US$ 7 milhões em produtos enviados ao mercado mexicano. O Brasil mantém com o país vizinho uma série de entendimentos setoriais, mas não um acordo comercial amplo.

Para o Itamaraty e o MDIC, decisões unilaterais com impacto comercial relevante devem ser avaliadas à luz dos compromissos de previsibilidade, segurança jurídica e integração produtiva, especialmente em um cenário global de alta competitividade e instabilidade geopolítica.

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