
Bancos brasileiros com atuação nos Estados Unidos receberam com otimismo os indícios de que os presidentes Lula e Trump vão retomar diálogo na próxima semana. O cenário ameniza temores gerados pelas novas sanções americanas aplicadas a brasileiros, afirmam fontes do mercado ouvidas sob condição de anonimato.

Nas últimas semanas, diversas instituições receberam notificações do Tesouro dos EUA para implementar a Lei Global Magnitsky — que prevê bloqueios de ativos no exterior e restrições de relacionamento com entidades sancionadas. A medida atingiu não só instituições nacionais, mas também americanas com vínculos no Brasil.
O temor principal era o chamado “risco CNPJ” — a possibilidade de um banco ser punido institucionalmente por vínculos com pessoas ou entidades sancionadas. Com a perspectiva de reaproximação diplomática, esse risco é visto como reduzido por banqueiros consultados.
Uma das sanções recentes incluiu a aplicação da lei à esposa do ministro Alexandre de Moraes e ao instituto ligado à sua família. Moraes já havia sido alvo de sanção em julho. No total, sete autoridades brasileiras foram restringidas.
Para o setor produtivo, a conversa entre os presidentes representa uma chance de renegociar tarifas altas impostas pelos EUA. Ricardo Alban, presidente da CNI, afirmou que o gesto de Trump acende “esperança” de uma mesa de negociação. A Amcham Brasil também afirmou esperar um diálogo “estruturado e de alto nível” que favoreça investimentos e comércio bilateral.
Autoridades e empresários brasileiros intensificaram interlocuções com Washington. Representantes viajaram ao país, contrataram escritórios de lobby e tentaram influenciar nos bastidores para que uma reunião entre Lula e Trump fosse viabilizada.
Durante a Assembleia Geral da ONU, Lula criticou as sanções impostas pelo governo americano e reafirmou que soberania e democracia são “inegociáveis”. Na ocasião, Trump elogiou Lula e sugeriu corretamente que uma conversa entre os dois presidentes poderia ocorrer.
