
A fábrica de celulose que a Arauco constrói em Inocência (MS) vai consumir, sozinha, quase o mesmo volume de água usado diariamente por toda a população de Campo Grande. A estimativa é de 250 milhões de litros por dia — próximo dos 280 milhões distribuídos pela concessionária Águas Guariroba aos cerca de 900 mil moradores da capital.

Segundo a empresa, 90% da água captada será devolvida ao rio Sucuriú após tratamento. Ainda assim, o impacto preocupa ambientalistas e órgãos reguladores, que acompanham os licenciamentos.
Além da planta industrial, que deve começar a operar no segundo semestre de 2027, a multinacional chilena vai erguer uma série de alojamentos para abrigar até 14 mil trabalhadores. Somente para a unidade Bocaiúva, com 1,5 mil vagas, está previsto investimento de R$ 11,5 milhões em uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE). No total, os alojamentos devem receber R$ 282 milhões.
O projeto, de R$ 25 bilhões, será a maior fábrica de celulose do mundo, com capacidade de 3,5 milhões de toneladas anuais. Além da produção, a unidade terá uma usina de 400 megawatts: metade da energia ficará com a fábrica e o restante será comercializado, suficiente para abastecer uma cidade de 800 mil habitantes.
A Arauco também se comprometeu a pagar compensação ambiental de R$ 47,2 mil pela obra da ETE. Os alojamentos, que ficarão a cerca de 10 km da área urbana de Inocência, serão equipados com água, energia, espaços de lazer e atendimento médico básico. Casos mais graves serão encaminhados a um hospital previsto para o canteiro de obras.
Com o Projeto Sucuriú, o Estado reforça a posição de polo global da celulose. Hoje, já operam unidades em Três Lagoas (Suzano e J&F) e Ribas do Rio Pardo. Outro projeto, da Bracell, prevê R$ 16 bilhões em Bataguassu, com obras a partir de 2026.
