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21 de novembro de 2025 - 19h15
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ECONOMIA

Alta do dólar e queda da bolsa acendem sinal amarelo no mercado financeiro

Semana termina com o dólar acima de R$ 5,40 e Ibovespa abaixo dos 155 mil pontos; tensões políticas e dados dos EUA elevam pressão sobre os investidores

21 novembro 2025 - 18h45Agência Brasil
Dólar passa de R$ 5,40 e bolsa cai pela quarta vez, refletindo tensão política e dados dos EUA.
Dólar passa de R$ 5,40 e bolsa cai pela quarta vez, refletindo tensão política e dados dos EUA. - (Foto: Envato Elements)

O mercado financeiro brasileiro encerrou a semana com fortes sinais de instabilidade. Em um cenário marcado por tensões internas e ajustes no exterior, o dólar disparou e a bolsa brasileira registrou nova queda, consolidando um período de forte nervosismo entre os investidores.

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Nesta sexta-feira (22), o dólar à vista subiu 1,18%, fechando vendido a R$ 5,401. Foi a quarta alta consecutiva da moeda americana, que atingiu o maior valor desde 17 de outubro. Ao longo do dia, a cotação chegou a R$ 5,42 no pico da sessão. No acumulado da semana, a valorização da divisa foi de 1,97%, apesar de ainda acumular queda de 12,6% no ano.

O índice Ibovespa, principal indicador da B3, caiu 0,4% e terminou o dia aos 154.758 pontos. Esta foi a quarta sessão seguida de desvalorização. Embora ações de bancos e mineradoras tenham apresentado desempenho positivo pontual, a maior parte dos papéis negociados teve queda.

O comportamento do dólar nesta sexta refletiu, em parte, uma resposta atrasada aos dados econômicos divulgados nos Estados Unidos na véspera, quando o mercado brasileiro esteve fechado devido ao feriado do Dia da Consciência Negra. O Departamento do Trabalho norte-americano informou a criação de 119 mil vagas em setembro — muito acima da expectativa de 50 mil —, enquanto a taxa de desemprego subiu ligeiramente para 4,4%.

Os dados mistos aumentaram a volatilidade global. A surpresa positiva no mercado de trabalho reduz as chances de o Federal Reserve cortar os juros básicos em dezembro, o que fortalece o dólar em relação a outras moedas, principalmente de países emergentes e exportadores de commodities, como o Brasil.

Essa tendência internacional foi reforçada pela queda no preço do petróleo, outro fator que influencia diretamente o câmbio em economias como a brasileira.

Mesmo o anúncio feito pelo ex-presidente dos EUA, Donald Trump, sobre a retirada de tarifas de 40% sobre produtos brasileiros — como carne bovina, café e suco de laranja — não foi suficiente para conter a valorização do dólar. A medida abre caminho para uma possível recuperação das exportações brasileiras ao mercado norte-americano, mas os efeitos sobre o fluxo cambial ficaram em segundo plano diante do clima global de incerteza.

Além dos fatores externos, o mercado reagiu com preocupação ao aumento das tensões políticas entre o Palácio do Planalto e o Senado Federal. A indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, ao Supremo Tribunal Federal (STF) gerou ruídos na relação entre os Poderes. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, sinalizou que pretende pautar um projeto que reajusta o piso salarial de agentes de saúde — medida que pode ampliar os gastos públicos, o que acende um alerta entre os investidores.

A combinação de instabilidade institucional e incerteza fiscal amplia a cautela dos agentes econômicos e pressiona ainda mais os ativos brasileiros.

Para analistas do mercado financeiro, o momento exige atenção redobrada. A valorização do dólar e a queda da bolsa indicam uma fuga de capital e aumento da percepção de risco em relação ao Brasil. O desempenho das próximas semanas dependerá da sinalização do Federal Reserve sobre os juros e da capacidade do governo federal em amenizar os conflitos com o Congresso Nacional.

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