
Com a aproximação do prazo para que os Estados Unidos apliquem uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, o vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, afirmou nesta terça-feira (29) que o governo só colocará em prática um plano de contingência se a medida for, de fato, implementada. A taxação entra em vigor oficialmente na próxima sexta-feira, 1º de agosto, segundo o governo americano.

“O plano de contingência está sendo bem trabalhado, mas só será discutido se a tarifa de 50% se concretizar. Não vamos esmorecer, continuaremos trabalhando para evitar que isso aconteça”, declarou Alckmin.
De acordo com o vice-presidente, o objetivo do governo brasileiro é conseguir que a redução da tarifa se estenda a todos os setores afetados, não apenas a produtos agrícolas, como café e cacau — que já estão sob reconsideração por parte da Casa Branca, embora sem menção direta ao Brasil.
“Estamos atuando para que a diminuição da alíquota ocorra de forma ampla. Não faz sentido penalizar um país que mantém superávit comercial com os Estados Unidos e ainda é um importante importador de produtos americanos”, afirmou Alckmin.
No mesmo dia, Alckmin se reuniu com representantes de grandes empresas de tecnologia americanas, entre elas Meta, Google, Amazon, Apple, Visa e Expedia. Segundo o vice-presidente, a conversa foi produtiva e abriu espaço para uma mesa de diálogo permanente entre o governo brasileiro e as chamadas big techs.
“Eles trouxeram pautas importantes como segurança jurídica, inovação tecnológica e ambiente regulatório. Foi uma reunião proveitosa, com participação de outros órgãos do governo, porque esse debate envolve Executivo, Legislativo e Judiciário”, explicou.
Ainda sobre o setor de tecnologia, Alckmin sinalizou que o governo brasileiro não pretende acelerar a regulamentação das plataformas digitais. Segundo ele, o processo exige cautela e análise de experiências internacionais.
“Essa é uma discussão global. É preciso entender o que funcionou em outros países e o que foi alvo de críticas. Não devemos ter pressa. O ideal é estudar, ouvir todos os lados e buscar o melhor caminho”, disse.
Alckmin também coordena o Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais, criado há duas semanas para coordenar a resposta do governo brasileiro às medidas unilaterais anunciadas pelos Estados Unidos. O grupo já realizou encontros com lideranças sindicais, empresários, representantes do setor produtivo e integrantes da diplomacia brasileira.
O comitê baseia suas ações na Lei de Reciprocidade Econômica (Lei 15.122/25), que estabelece regras para suspender concessões comerciais e compromissos internacionais, como investimentos e direitos de propriedade intelectual, em casos de medidas consideradas prejudiciais à competitividade do Brasil.
