
O governo federal está focado em reverter a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros, mas já prepara um plano de contingência caso as negociações não avancem. A informação foi confirmada nesta segunda-feira, 28, pelo vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.

Em declaração à imprensa, Alckmin destacou que o diálogo com o governo norte-americano é permanente e ocorre por meios institucionais e reservados. “O plano de contingência está sendo elaborado com bastante cuidado, mas o foco principal do governo nesta semana é buscar uma solução para o problema”, afirmou.
Segundo o vice-presidente, o Brasil iniciou as conversas com os EUA em março deste ano. Desde então, as tratativas diplomáticas seguem em caráter confidencial. Em 16 de maio, o governo brasileiro chegou a enviar uma proposta preliminar aos americanos, sugerindo áreas de negociação para buscar um acordo equilibrado.
Alckmin revelou que, além do envio de documentos oficiais, o governo brasileiro mantém “diálogo contínuo” com autoridades dos Estados Unidos para encontrar caminhos viáveis que evitem a imposição definitiva da tarifa.
Questionado sobre uma eventual ligação entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente norte-americano Donald Trump, Alckmin afirmou que ainda não houve contato direto. “Lula é um homem de diálogo, mas até agora não houve pedido nem iniciativa para uma ligação entre os dois presidentes”, disse.
Apesar disso, o vice-presidente reforçou que os canais diplomáticos seguem ativos e que o governo brasileiro está atuando com firmeza para evitar prejuízos ao setor exportador.
Sem mencionar o Brasil, Trump afirmou recentemente que a maioria dos acordos comerciais bilaterais firmados por seu governo estabelecem tarifas entre 15% e 20%. O acordo com a União Europeia, por exemplo, fixou a alíquota em 15% — número considerado mais razoável por negociadores brasileiros.
Alckmin disse que o Brasil deseja tratamento semelhante ao de outros blocos econômicos e que o país já avançou em acordos dentro do Mercosul, incluindo negociações com a própria União Europeia. “Estamos prontos para discutir alternativas que sejam equilibradas para ambos os lados”, afirmou.
Durante a conversa com jornalistas, o vice-presidente também abordou a política de importação de veículos. Segundo ele, o governo decidiu equiparar a alíquota de carros elétricos à dos veículos a combustão.
A medida visa manter a competitividade entre os diferentes segmentos da indústria automotiva, em meio à crescente demanda por alternativas sustentáveis. A decisão também dialoga com os objetivos da reforma tributária, que busca racionalizar impostos e evitar distorções entre setores.
Apesar do discurso otimista em torno das negociações com os EUA, Alckmin confirmou que o Brasil está desenvolvendo um plano de contingência. “É um plano bem-feito, completo, mas que só será utilizado se necessário. Nosso foco continua sendo resolver por meio do diálogo”, reforçou.
A medida preventiva, segundo integrantes do governo, incluiria ações de proteção à indústria brasileira, compensações econômicas e a busca por novos mercados para exportações afetadas pelas tarifas.
