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15 de outubro de 2025 - 20h26
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POLÍTICA E DIREITO

AGU sugere ao STF audiência pública sobre PEC dos Precatórios

Órgão defende mais debate sobre o teto escalonado e o fim do prazo para pagamento de dívidas; ação da OAB questiona validade da emenda

15 outubro 2025 - 17h20Lavínia Kaucz
Ministro Luiz Fux, do STF, deve decidir se convoca audiência pública sobre os efeitos da PEC dos Precatórios
Ministro Luiz Fux, do STF, deve decidir se convoca audiência pública sobre os efeitos da PEC dos Precatórios - (Foto: Rosinei Coutinho/STF)

A Advocacia-Geral da União (AGU) encaminhou nesta quarta-feira (15) um pedido ao ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), para que seja realizada uma audiência pública a fim de discutir os efeitos da PEC dos Precatórios. O pedido foi feito no âmbito da ação movida pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que questiona a constitucionalidade de trechos da emenda promulgada em setembro.

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A proposta da AGU é que apenas dois pontos sejam alvo do debate mais aprofundado: o teto escalonado para o pagamento de precatórios e a extinção do prazo para quitação de débitos por meio do regime especial de pagamentos. Para os demais dispositivos, a AGU pediu que a ação da OAB seja rejeitada pelo Supremo.

“Dada a complexidade e a relevância social dos objetivos almejados pelas normas impugnadas, sugere-se a essa Suprema Corte a análise da conveniência e da oportunidade de realizar audiência pública”, escreveu a AGU no documento enviado ao STF. A ideia é reunir subsídios técnicos, científicos e jurídicos que possam embasar uma decisão equilibrada da Corte.

O que muda com a PEC dos Precatórios - Promulgada em setembro, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios estabelece limites para o pagamento das dívidas judiciais da União com cidadãos, empresas, estados e municípios. Entre os principais pontos da emenda estão:

A adoção de um teto escalonado para pagamento de precatórios;

O fim do prazo para quitação de débitos sob o regime especial;

A alteração no índice de correção dessas dívidas, que passa a ser o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA);

A exclusão temporária dos precatórios do teto de despesas primárias da União, a partir de 2026;

A abertura de espaço orçamentário de R$ 12 bilhões para garantir o pagamento de licença-maternidade a trabalhadoras autônomas, conforme decisão do STF que derrubou a exigência de 10 meses de carência para o benefício.

O Conselho Federal da OAB ingressou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) alegando que a PEC viola direitos fundamentais e compromete a efetividade das decisões judiciais transitadas em julgado. Para a entidade, a criação de um teto para precatórios e a retirada de prazos para pagamento de débitos ferem a segurança jurídica e penalizam cidadãos e empresas que já venceram a União na Justiça.

A PEC dos Precatórios já foi alvo de críticas de juristas, economistas e associações de magistrados, por supostamente flexibilizar demais a responsabilidade fiscal e empurrar o pagamento de dívidas para governos futuros. Por outro lado, o governo argumenta que as mudanças são necessárias para manter a sustentabilidade das contas públicas e viabilizar políticas sociais.

Fux é o relator da ação no STF - O ministro Luiz Fux é o relator da ação apresentada pela OAB e será responsável por decidir se acata a sugestão da AGU para realização da audiência pública. A medida, caso aprovada, pode adiar a definição sobre a validade dos trechos da emenda, mas também abrir espaço para maior transparência e pluralidade de visões no julgamento da matéria.

Audiências públicas no STF são comuns em ações com forte impacto social, político ou econômico, como foi o caso das discussões sobre o marco temporal, a descriminalização do porte de drogas e o direito ao casamento homoafetivo.

A decisão de Fux ainda não tem data para ser tomada. Até lá, a validade dos dispositivos questionados segue em suspenso, com expectativa de um debate técnico mais amplo sobre os limites da PEC dos Precatórios.

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