
O embaixador do Brasil na França, Ricardo Neiva Tavares, afirmou nesta quinta-feira (27) que há expectativa de conclusão do acordo entre o Mercosul e a União Europeia (UE) até dezembro deste ano, ainda sob a Presidência Pro Tempore do Brasil no bloco sul-americano. As declarações foram feitas durante o Lide Brasil França Fórum, em Paris.
O tratado de livre-comércio, que abrange desde produtos agrícolas e industriais até serviços, vem sendo negociado há mais de 20 anos e é considerado um dos mais ambiciosos acordos comerciais internacionais em curso.
Segundo Tavares, em um contexto de tensões comerciais globais crescentes, firmar uma parceria sólida e previsível entre os dois blocos é mais do que estratégico, é essencial. “Parcerias que aumentam a previsibilidade e ampliam oportunidades de relacionamento entre os blocos são ainda mais relevantes”, destacou.
Diversificação da pauta exportadora é prioridade - Atualmente, as exportações brasileiras para a França são dominadas por produtos primários ou semimanufaturados, como farelo de soja, petróleo bruto, celulose e óleo vegetal. Em contrapartida, o Brasil importa da França itens de maior valor agregado, como motores, aeronaves e produtos farmacêuticos.
“O Brasil tem interesse em não apenas aumentar o volume, mas também em diversificar sua pauta exportadora”, ressaltou o embaixador, apontando setores como transição energética, transporte, logística e saneamento como promissores para investimentos e parcerias.
Neiva Tavares também defendeu que o setor aeronáutico pode ser um dos motores do fortalecimento das relações comerciais com a França. “A maior presença brasileira nos mercados civis e de defesa na França não apenas conferiria maior equilíbrio às relações comerciais, como também beneficiaria empresas francesas que já fornecem sistemas e componentes para a indústria aeroespacial brasileira”, afirmou.
França lidera investimentos na América Latina - A França é hoje o principal destino de investimentos diretos franceses na América Latina, e o Brasil ocupa o segundo lugar entre os países emergentes que mais recebem capital francês, ficando atrás apenas da China. Segundo o embaixador, mais de mil empresas francesas já operam no Brasil, e há espaço para ampliar ainda mais essa presença.
Essa forte presença empresarial é vista como um trunfo nas negociações do acordo Mercosul-UE, que poderá facilitar a integração econômica entre os mercados e abrir novas frentes de cooperação tecnológica e industrial.
O Brasil, como atual presidente rotativo do Mercosul, tem a responsabilidade de conduzir as negociações finais do acordo. O objetivo é superar impasses ambientais e tarifários que ainda bloqueiam a assinatura formal do tratado. Com a aproximação do fim do mandato brasileiro à frente do bloco, dezembro se tornou um marco simbólico para selar o compromisso.


