
O escritor português Valter Hugo Mãe retornou à Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) nesta sexta-feira (1º), 14 anos após seu primeiro lançamento na festa, O Filho de Mil Homens. Desta vez, ele veio divulgar a adaptação cinematográfica do livro, que será lançada pela Netflix ainda este ano, e falar sobre o luto pela morte de seu sobrinho Eduardo, que faleceu aos 16 anos vítima de câncer.

Em sua mesa, Hugo Mãe compartilhou suas experiências pessoais, incluindo como a morte do sobrinho, junto ao falecimento de sua amiga Isabel, foi um catalisador para a criação de Educação da Tristeza, livro que ele está lançando no Brasil. Apesar do tema sombrio, o escritor se recusou a deixar a conversa ser apenas triste. “Não estou interessado em transformar meu patrimônio, minhas memórias, em uma coisa triste”, afirmou, usando seu humor para equilibrar o tom da discussão.
A adaptação cinematográfica de O Filho de Mil Homens, dirigida por Daniel Rezende e estrelada por Rodrigo Santoro, terá sua estreia na plataforma de streaming ainda em 2025. Hugo Mãe disse que preferiu não se envolver diretamente na produção, temendo causar “ruído” no processo, mas expressou satisfação com o resultado final. “Tenho medo do livro cair no esquecimento", brincou, ressaltando a boa recepção da obra no Brasil: "A maneira como os leitores brasileiros reagiram ao livro foi muito espantosa. Teve uma dimensão descomunal.”
Na conversa, o escritor também relembrou a relação com seu sobrinho e o impacto que a convivência com ele teve em sua vida, especialmente em relação ao desejo de paternidade. “Quando comecei a cuidar de Eduardo, tudo mudou. Entendi que tinha sonhado tudo errado”, contou Hugo Mãe, que descreve a história de O Filho de Mil Homens como uma reflexão sobre paternidade e o desejo de formar uma família.
A mesa na Flip terminou com aplausos de pé, confirmando o status de fenômeno do escritor português, cuja obra continua a tocar e emocionar leitores, especialmente no Brasil.
