
O ator britânico Terence Stamp, indicado ao Oscar e eternizado como o inesquecível General Zod nos filmes Superman (1978) e Superman II (1980), morreu neste domingo (17), aos 87 anos, segundo comunicado oficial de sua família divulgado à agência Reuters. A causa da morte não foi revelada.

Reconhecido por sua atuação intensa, carisma hipnótico e escolhas artísticas arrojadas, Stamp construiu uma carreira singular, que o levou do estrelato pop britânico nos anos 1960 à consagração como um dos grandes nomes do cinema europeu e de Hollywood.
“Ele deixa uma obra extraordinária, tanto como ator quanto como escritor, que continuará a emocionar e inspirar pessoas por muitos anos”, disse a família, que pediu privacidade neste momento de luto.
Um rosto do cinema e da cultura pop dos anos 60
Nascido em Londres, em 1938, no bairro operário do East End, Stamp viveu a infância sob os efeitos da Segunda Guerra Mundial, escapando dos bombardeios que atingiram a capital inglesa. Saiu da escola cedo para trabalhar com publicidade, mas uma bolsa para estudos teatrais mudaria seu destino.
Nos anos 1960, ele emergiu como um dos principais rostos do novo cinema britânico, ao lado de nomes como Julie Christie e Michael Caine. Foi protagonista em obras como Billy Budd (1962), que lhe rendeu indicação ao Oscar de ator coadjuvante, e Longe Deste Insensato Mundo (1967), no qual formou par romântico com a atriz Julie Christie, também sua companheira na vida real.
Com beleza exótica e estilo inconfundível, Stamp se tornou um ícone da Swinging London, sendo presença constante nas capas de revistas, nos desfiles de moda e nos bastidores da efervescente cena cultural britânica. Teve um relacionamento marcante com a supermodelo Jean Shrimpton, ícone da moda da época.
Dos mestres italianos ao supervilão de Hollywood
Sem conseguir o papel de James Bond, que almejava nos anos 60, Stamp se afastou do Reino Unido e passou a trabalhar com diretores europeus consagrados. Em 1968, protagonizou Teorema, de Pier Paolo Pasolini, um dos filmes mais radicais do cineasta italiano. Também trabalhou com Federico Fellini, em uma fase de imersão no cinema autoral europeu.
Nos anos 1970, após um período de retiro espiritual na Índia, onde estudou ioga e filosofias orientais, Stamp retornou ao radar internacional com aquele que se tornaria seu papel mais lembrado pelo público mainstream: o do General Zod, vilão megalomaníaco da saga Superman, estrelada por Christopher Reeve.
Com sua postura elegante, olhar penetrante e voz imponente, Zod se tornou um dos vilões mais icônicos da cultura pop, eternizando a frase:
“Ajoelhe-se perante Zod!”
Reinvenção em Priscilla e nova consagração
Nos anos 1990, Terence Stamp mostrou mais uma vez sua capacidade de reinvenção, ao interpretar Bernadette, uma mulher transgênero, no cultuado Priscilla, a Rainha do Deserto (1994). Sua atuação sensível e segura quebrou tabus e ampliou sua relevância para uma nova geração de espectadores.
O papel foi um marco na representação LGBTQIA+ no cinema e demonstrou a versatilidade de Stamp, que transitava com naturalidade entre o drama, o pop e o político.
Outro momento marcante de sua carreira veio com O Estranho (The Limey, 1999), dirigido por Steven Soderbergh, considerado um de seus trabalhos mais maduros e elogiados. A atuação lhe rendeu prêmios e reposicionou seu nome entre os grandes intérpretes de seu tempo.
Fase final e últimas aparições
A partir dos anos 2000, Stamp reduziu o ritmo de trabalho. Participou de produções menores ou comerciais, como Elektra (2005), A Filha do Chefe (2003) e Mansão Mal-Assombrada (2003). Mesmo nesses projetos, mantinha sua presença marcante.
Entre seus últimos bons papéis estão participações em Operação Valquíria (2008), com Tom Cruise, Os Agentes do Destino (2011) e colaborações com Tim Burton.
Seu último trabalho no cinema foi uma participação especial no filme Noite Passada em Soho (2021), de Edgar Wright, onde, mesmo em poucos minutos, deixou sua marca com a elegância e o mistério que sempre o acompanharam.
Após essa aparição, recolheu-se da vida pública, deixando como legado uma imagem de sofisticação, talento e coragem artística.
