Nessa sexta-feira (25), foi dado o pontapé inicial da terceira edição do BonitoCineSur, festival de cinema sul-americano que acontece na cidade de Bonito, em Mato Grosso do Sul. A programação deste ano, distribuída em diferentes pontos culturais da cidade, continua até o dia 02 de agosto e conta com mais de 60 longas divididos em cinco mostras diferentes, que abordam temas que vão da preservação ambiental às complexidades sociais e culturais da América do Sul, com uma forte aposta na diversidade de olhares e na valorização do audiovisual da região.
O evento, que começou a ser realizado em 2023, já se consolida como uma importante plataforma de valorização do audiovisual. Na edição deste ano, o festival se destaca não apenas pela qualidade das produções exibidas, mas também por colocar em evidência a cinematografia regional de Mato Grosso do Sul.
Com foco no diálogo cultural entre países da América do Sul, o festival não se resume apenas a sessões de filmes; sua programação conta com oficinas voltadas para a comunidade, palestras, debates e muita música. O que, segundo o diretor do festival, Nilson Rodrigues, garante o fortalecimento da cultura da região.
“O festival não é só uma mostra de cinema. O festival precisa ser mais do que isso: tem mostra de filmes, debates, oficinas, e tudo isso vai construindo uma cultura de apreciação, de reflexão sobre os diversos temas que o cinema apresenta”, afirmou.
A cerimônia de abertura foi realizada no Auditório Kadiwéu, no Centro de Convenções de Bonito, com a exibição do longa paraguaio As Herdeiras (2018). Escrito e dirigido por Marcelo Martinessi, o filme narra a trajetória de duas paraguaias da alta sociedade que, ao chegarem à terceira idade, enfrentam dificuldades financeiras e são obrigadas a vender seus bens. Com uma narrativa dramática e intimista, a trama mistura dilemas como a homossexualidade de mulheres mais velhas e decadência social.
A atriz Ana Brun, protagonista do longa e primeira mulher paraguaia a receber o prestigiado Urso de Prata, foi homenageada durante o evento. Com uma performance marcante e reconhecida internacionalmente, a artista foi celebrada como símbolo da força do cinema sul-americano. Além da atriz, o festival conta com nomes como Maeve Jinkings, Antonio Pitanga e Thiago Lacerda, que ficam no comando da apresentação do evento.
Homenagem foi feita após a exibição do longa ''As Herdeiras'', atuação responsável pelo Urso de Prata da atriz (Foto: Rafael Rodrigues)
Uma das características marcantes do BonitoCineSur é seu papel social. O festival se propõe não apenas a exibir filmes, mas a incluir vozes marginalizadas nas telas e nos debates culturais. As exibições e debates incentivam a reflexão sobre problemas ambientais, direitos humanos e diferenças socioculturais, além de promover o intercâmbio entre artistas e o público.
“É uma oportunidade de conhecer um pouco mais da cinematografia dos nossos irmãos que estão tão próximos da gente. Muitas vezes nós não temos acesso às cinematografias de países da América do Sul, então é um grande acerto do CineSur trazer esses conteúdos com produções tão incríveis”, destacou a jornalista Renata Boldrini, que marcou presença no festival.
Para encerrar cada noite, o Cine Música proporciona shows com artistas locais e nacionais. Na primeira noite de evento, o cantor sul-mato-grossense Gabriel Chiad, que ainda neste mês se apresentou no palco do projeto MS Ao Vivo, antecedendo o show do cantor João Gomes, fica responsável pela trilha sonora. O Cine Música reforça o caráter diversificado e abrangente do evento.
Com esse enfoque plural, o BonitoCineSur se consolida como um evento de referência no calendário cultural nacional, ampliando as possibilidades para o audiovisual latino-americano e promovendo o intercâmbio de ideias e expressões artísticas. Além de promover o ecoturismo da região com os longas sul-mato-grossense, frisando a necessidade de manutenção do meio ambiente, com destaque ao bioma do Pantanal.
Com a iniciativa “As Pegadas da Memória do Cinema Sul-Americano” o festival traz onze esculturas que combinam a marca da mão de artistas convidados com a pata de animais típicos dos biomas sul mato-grossenses. (Foto: Rafael Rodrigues)
