No 3º Festival de Cinema Sul-Americano de Bonito, o cinema feito em Mato Grosso do Sul ocupa espaço de destaque. Paralela à programação internacional do evento, a Mostra Competitiva Sul-Mato-Grossense exibe produções locais que vêm chamando atenção do público e do júri. Este ano, seis filmes foram selecionados entre mais de trinta inscritos para disputar o troféu Pantanal e um prêmio em dinheiro. Os vencedores serão anunciados no próximo sábado (2), às 20h, no Centro de Convenções de Bonito.
Segundo o curador da mostra, Marcos Pierry, a seleção exigiu olhar atento e sensível. “Chegar aos selecionados foi desafiador. É preciso entender o perfil do festival e o que significa fazer cinema aqui. Não se trata apenas de estética, mas de reconhecer a identidade, as origens e as condições em que essas histórias são criadas”, disse.
Entre os concorrentes está “Tempestade Ocre” (2025), do Coletivo O Estranho Vale, dirigido por Deividison Pedrê. O filme reflete sobre o papel da arte em um mundo onde a criatividade disputa espaço com o entretenimento guiado por algoritmos. “Nosso maior desejo é ser reconhecido dentro de casa. Esse é um filme pensado para o CineSur, é uma conquista coletiva”, afirma Paulo Taveira, produtor e roteirista.
Outro destaque é “Eleonora” (2024), de Lígia Prieto, estrelado por Ana Lúcia Serrou. O curta aborda preconceitos enfrentados por uma mulher de mais de 60 anos que vive sozinha no Pantanal. Para a atriz, a mostra é mais do que visibilidade: “É fundamental para o Brasil. Falar de arte na América do Sul é educação e reconhecimento da nossa latinidade. Estou encantada”, disse.
Curta 'Eleonora' é dirigido por Lígia Prieto E estrelado por Ana Lúcia Serrou. - Foto: Fotografando BonitoDaphyne Schiffer estreia no festival com “Jardim de Pedra – Vida e Morte de Glauce Rocha” (2024), que homenageia a atriz sul-mato-grossense. A diretora reforça o papel transformador do evento. “O festival é educativo, promove trocas com cinemas que têm mais estrutura. Tenho certeza de que ele vai levar nosso cinema para outro lugar.”
As sessões seguem até 31 de julho, mostrando o vigor e a diversidade da produção regional. Com apoio de instituições públicas e privadas, o Bonito CineSur se consolida como espaço de diálogo e visibilidade para o cinema sul-americano e sul-mato-grossense.
