O SBT se manifestou depois de Ludmilla recusar um convite para ser homenageada pela emissora e afirmar que o canal “dá voz” ao racismo ao manter o apresentador Marcão do Povo em sua programação. Em nota enviada ao Estadão, a emissora declarou que não compactua com atitudes ou discursos racistas.
“O SBT não compactua com atos, insinuações, discursos ou quaisquer manifestações de cunho racista, e repudia todas as formas de discriminação”, diz o comunicado oficial.
A reação veio após uma sequência de posicionamentos públicos da cantora nas redes sociais. No dia 19, Ludmilla publicou um vídeo no Instagram retomando o episódio em que foi chamada de “pobre macaca” por Marcão do Povo, em 2017, quando ele ainda trabalhava na Record. Ela levou o caso à Justiça.
O novo vídeo foi uma resposta à fala do apresentador no Primeiro Impacto, em que ele afirmou ter sido “inocentado de toda e qualquer denúncia de calúnia de crimes de ódio e contra a raça”.
Ludmilla contestou a versão e acusou Marcão de omitir informações do público ao falar em “inocência”. Segundo ela, o apresentador usou “uma manobra para se livrar das consequências” do processo.
No mesmo vídeo, a cantora direcionou críticas ao SBT: disse que a emissora, ao manter um apresentador condenado por racismo, estaria chancelando esse tipo de comportamento. Ela afirmou que pretende buscar novas medidas judiciais.
Na segunda-feira, 22, Ludmilla revelou que o SBT havia procurado sua equipe propondo uma homenagem a ela. A cantora afirmou que não aceitou a proposta.
“Eu não posso aceitar uma homenagem enquanto essa mesma emissora segue dando voz, segue dando espaço, respaldo a pessoas coniventes com a atitude racista. Isso para mim é incoerente e inaceitável”, declarou.
A artista também lembrou que o SBT é uma emissora histórica, conhecida por falar com diferentes públicos, e disse esperar outra postura em relação à permanência do apresentador no ar.
Relembre o caso com Marcão do Povo
Em janeiro de 2017, Marcão do Povo apresentava o Balanço Geral DF, da Record. Durante o quadro Hora da Venenosa, ao comentar uma notícia sobre um suposto incômodo de Ludmilla em tirar fotos com fãs, ele usou a expressão racista que deu origem à ação judicial movida pela cantora.
Na época, a Record repudiou a fala e demitiu o apresentador. Um mês depois, Marcão foi contratado pelo SBT, onde passou a apresentar o Primeiro Impacto e permanece até hoje. Já naquele momento, Ludmilla criticou publicamente a decisão da emissora.
Desde então, o caso seguiu na Justiça e também em embates públicos. Em 2019, em entrevista ao programa Superpop, da RedeTV!, o apresentador disse que não devia “favor ou satisfação” à cantora e chegou a afirmar que Ludmilla é quem deveria pedir desculpas a ele.
Marcão sustenta que não teve intenção racista ao fazer o comentário e nega o crime.
Ao longo dos anos, a relação entre Ludmilla, Marcão do Povo e o SBT se transformou em um caso recorrente de disputa pública, envolvendo debates sobre racismo, responsabilidade de veículos de comunicação e limites da liberdade de expressão.
Agora, a recusa da homenagem e o novo posicionamento da cantora recolocam o episódio no centro da discussão, pressionando a emissora a demonstrar na prática a política de “repúdio a qualquer forma de discriminação” afirmada na nota enviada à imprensa.
Até o momento, o SBT não informou se pretende tomar alguma medida em relação ao apresentador após as novas críticas da cantora.
