
Reconhecimento mundial reacendeu o interesse por Sátántangó, único livro de László Krasznahorkai publicado no Brasil. O romance, que marcou a estreia do escritor húngaro, agora vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 2025, foi lançado pela Companhia das Letras com tradução direta do húngaro assinada por Paulo Schiller.

Publicado originalmente em 1985, o livro chegou ao Brasil em uma edição elogiada por manter o tom sombrio e intenso do autor. A obra também recebeu o prêmio de melhor livro traduzido para o inglês em 2013.
Trama em clima de ruína e mistério - A história se desenrola em uma aldeia rural isolada, constantemente coberta por chuva. O enredo ganha força com o retorno de Irimiás, homem dado como morto, que provoca medo e expectativa entre os moradores. Há dúvidas sobre quem ele realmente é: um salvador, um charlatão ou algo pior.
Capa do livro 'Sátántangó' no Brasil Foto: Divulgação/Companhia das Letras
Os habitantes do vilarejo são retratados como figuras decadentes: camponeses esfarrapados, um médico alcoólatra que espiona os vizinhos, jovens em um moinho abandonado e uma garota com deficiência. Todos aguardam em uma taverna, entre bebidas, conversas desconexas e música de acordeão.
Em Sátántangó, cada capítulo é escrito como um único parágrafo, recurso que intensifica o fluxo caótico dos pensamentos e reforça a sensação de desorientação. A palavra “escuridão” aparece 76 vezes ao longo do texto — um reflexo direto da atmosfera pesada da narrativa.
A obra foi elogiada pela Academia Sueca como uma “criação visionária que, mesmo imersa em terror apocalíptico, reafirma o poder da arte”.
O impacto do romance foi tão grande que inspirou o cineasta Béla Tarr, que o transformou em um filme de sete horas e meia, lançado em 1994. A adaptação, exibida no Festival de Berlim, é considerada uma das grandes obras-primas do cinema contemporâneo, segundo a revista britânica Sight & Sound.
