TCE
LUTO

Sambista Arlindo Cruz morre aos 66 anos

Ícone do música brasileira enfrentava graves sequelas de um AVC desde 2017; autor de clássicos, Arlindo marcou gerações com sua obra e trajetória

8 agosto 2025 - 14h20
O cantor e compositor Arlindo Cruz foi um dos principais nomes do samba
O cantor e compositor Arlindo Cruz foi um dos principais nomes do samba - Foto: Marcos Hermes

O cantor e compositor Arlindo Cruz morreu nesta sexta-feira (8), aos 66 anos, no Rio de Janeiro. A informação foi confirmada por Arlindinho, seu filho, por meio de sua assessoria. Desde 2017, Arlindo enfrentava complicações de saúde causadas por um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e passou os últimos anos recluso, sob cuidados médicos e familiares.

Canal WhatsApp

Ícone do samba e do pagode, Arlindo deixa uma trajetória marcada por composições históricas, parcerias emblemáticas e uma influência incontestável sobre gerações de músicos.

Sequelas

O AVC ocorreu em março de 2017, enquanto o sambista tomava banho em casa. Desde então, sua vida passou a ser marcada por internações recorrentes e uma rotina intensa de tratamentos. Arlindo ficou 15 meses internado, parte deles na UTI, e passou por 14 cirurgias, incluindo cinco na cabeça. Ele também teve uma embolia pulmonar.

O episódio o deixou com graves sequelas, incluindo a perda dos movimentos e da fala. A partir disso, Arlindo passou a viver sob cuidados intensivos, fazendo sessões de fisioterapia e fonoaudiologia. A família, especialmente a esposa Babi Cruz e os filhos Arlindinho e Flora, acompanhava e divulgava atualizações sobre seu estado de saúde.

Em julho de 2023, Arlindo foi internado na UTI da Casa de Saúde São José, no Humaitá, para tratar de uma pneumonia. Ainda em 2023, enfrentou caxumba bacteriana e permaneceu quase um mês internado.

Em 2024, voltou ao hospital para tratar infecções respiratórias e urinárias. Já em julho de 2025, passou por uma cirurgia para extração de dentes. No mês seguinte, uma nova internação foi necessária, também por pneumonia. Em abril de 2025, seu quadro voltou a preocupar os médicos, que destacaram a necessidade de cuidados redobrados.

Arlindo recebeu alta em junho após 50 dias internado, mas voltou ao hospital dias depois, com nova piora. De acordo com Babi Cruz, o cantor estava enfrentando uma bactéria resistente. “Foram mais de 30 pneumonias, então a gente acredita que ele vai reverter mais essa, sem dúvida”, afirmou na época. Ainda assim, ela reconheceu que o marido já não respondia a estímulos.

Do Cacique de Ramos ao mundo: o legado musical

Arlindo Domingos da Cruz Filho nasceu em 1958, no bairro de Madureira, subúrbio do Rio de Janeiro. Filho de músico amador, começou a se aproximar do samba ainda na juventude e participou da roda de samba de Candeia aos 17 anos. Nos anos 1970, foi um dos fundadores da roda do Cacique de Ramos, um dos maiores redutos de samba da cidade.

Foi nesse ambiente que surgiu o grupo Fundo de Quintal, do qual Arlindo passou a fazer parte nos anos 1980, ao lado de grandes nomes como Jorge Aragão, Almir Guineto, Sombrinha e Bira Presidente. Com o grupo, Arlindo ajudou a consolidar o pagode como vertente moderna do samba, respeitando a tradição, mas com novas linguagens musicais.

Carreira solo e parcerias marcantes

Na década de 1990, Arlindo partiu para carreira solo e acumulou uma série de sucessos que marcaram o gênero. Ao lado de Sombrinha, um de seus principais parceiros, compôs canções como O Show Tem que Continuar e Alto Lá. Também foi autor de músicas em parceria com Zeca Pagodinho, como Camarão que Dorme a Onda Leva, Bagaço da Laranja e Dor de Amor.

Arlindo também compôs com nomes como Luiz Carlos da Vila, Acyr Marques e Beto Sem Braço. Seu repertório foi gravado por artistas como Beth Carvalho, Alcione, Elza Soares, Almir Guineto, Diogo Nogueira, Maíra Freitas e Maria Rita — que, em 2007, incluiu seis composições suas no disco Samba Meu.

Assine a Newsletter
Banner Whatsapp Desktop