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23 de novembro de 2025 - 14h36
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PUNK ROCK

Patti Smith e os 49 anos de 'Horses', o grito poético que moldou o punk

Álbum de estreia da artista americana redefiniu a música ao unir poesia, rock cru e performance visceral

23 novembro 2025 - 14h20Maria Edite Vendas
Patti Smith se apresentando no Rio, em 2006; cantora celebra 50 anos de 'Horses'
Patti Smith se apresentando no Rio, em 2006; cantora celebra 50 anos de 'Horses' - ( Foto: Fabio Motta/Estadão)

Sexo. Morte. Divindade. Violência. Luto. Dinheiro. Arte. Família. Êxtase. Patti Smith não poupou nenhum desses temas ao lançar, em 10 de novembro de 1975, Horses, seu álbum de estreia — uma obra-prima crua e visionária que redefiniu o rock e lançou as bases para o punk norte-americano.

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Quase meio século depois, Horses permanece como uma das obras mais radicais e influentes da música moderna, nascida de uma cena underground de Nova York que, à época, ainda era um segredo guardado nas entranhas do bar CBGB, no Bowery.

Patti Smith começou como poeta nos anos 1970, mas logo sentiu a necessidade de amplificar suas palavras. Buscando intensidade, perguntou ao guitarrista Lenny Kaye se ele conseguiria soar "como uma batida de carro". Kaye havia organizado a coletânea Nuggets (1972), essencial para o surgimento do conceito de “punk rock”, ao reunir faixas selvagens do garage rock dos anos 1960.

Inspirada nos poetas da geração Beat e nos delírios místicos dos Doors, Smith começou a transformar suas leituras poéticas em apresentações musicais. A banda foi se formando: o tecladista Richard Sohl trouxe um toque de improviso jazzístico e erudito; o guitarrista Ivan Kral adicionou consistência; e Jay Dee Daugherty assumiu a bateria após trabalhar no sistema de som do CBGB — palco da efervescente cena nova-iorquina.

Com o grupo consolidado e contrato assinado com a Arista Records, a banda gravou Horses em setembro de 1975 no lendário estúdio Electric Lady, fundado por Jimi Hendrix. A produção ficou por conta de John Cale, ex-integrante do Velvet Underground, outro expoente do rock literário e experimental.

A convivência no estúdio teve atritos criativos, mas o resultado foi um disco visceral, que capturou Patti Smith em pleno processo de autoinvenção: uma performer-poeta que declamava sobre guitarras sujas e ritmos quebrados, criando algo novo, enérgico e impiedosamente autêntico.

Lançado oficialmente em 10 de novembro de 1975, Horses chocou e fascinou com sua capa em preto e branco, onde Smith, de cabelo desgrenhado e olhar direto, usa uma camisa branca masculina e casaco jogado no ombro — imagem tão simbólica quanto a música que o álbum contém.

Canções como Gloria, Free Money e Land misturam desejo, desespero, crítica social e transcendência artística. Em vez de oferecer refrões fáceis ou glamour comercial, Smith apresentou um manifesto de identidade e liberdade.

Mais do que apenas um álbum, Horses é uma declaração de guerra à complacência cultural, e seu impacto segue reverberando em gerações de músicos e ouvintes — de punk à arte performática, de feminismo à liberdade criativa sem concessões.

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