
O papa Leão XIV surpreendeu ao divulgar nesta semana a lista de seus quatro filmes favoritos, antes de um encontro marcado com grandes nomes do cinema mundial no Vaticano. Com gosto apurado e sensível, o pontífice escolheu obras que abordam temas como empatia, superação, amor e valores familiares.
Entre as produções citadas estão A Felicidade Não Se Compra (1946), A Noviça Rebelde (1965), Gente Como a Gente (1980) e A Vida É Bela (1997). A seleção revela não apenas uma inclinação artística, mas uma visão de mundo centrada em valores humanos — um dos pilares da missão defendida pelo atual líder da Igreja Católica.
Segundo nota oficial divulgada pelo Vaticano, o papa Leão XIV “sempre gostou de assistir filmes” e deseja “aprofundar o diálogo com o mundo do cinema, explorando as possibilidades que a criatividade artística oferece à missão da Igreja e à promoção dos valores humanos”.
O gesto ocorre na véspera de um grande encontro no Vaticano, previsto para o próximo final de semana, quando o pontífice receberá astros e estrelas da sétima arte, entre eles Cate Blanchett, Chris Pine, Alison Brie, Dave Franco, Viggo Mortensen e Adam Scott.
Diretores de prestígio, como Spike Lee, George Miller, Gus Van Sant, Joanna Hogg, Tony Kaye e Julie Taymor também estão confirmados na audiência, organizada pelo Dicastério para a Cultura e a Educação, órgão da Santa Sé responsável pelas iniciativas culturais.
A escolha de filmes por Leão XIV reflete uma afinidade com mensagens de fé, resiliência e compaixão, mesmo diante das tragédias mais profundas.
- A Felicidade Não Se Compra (It’s a Wonderful Life, 1946), de Frank Capra, é um clássico do cinema norte-americano que narra como a vida de um homem comum influencia positivamente sua comunidade, ao ponto de um anjo mostrar como seria o mundo sem ele.
- A Noviça Rebelde (The Sound of Music, 1965), dirigido por Robert Wise, acompanha a história da família Von Trapp e sua luta por liberdade durante o regime nazista na Áustria. O longa mistura leveza, resistência e espiritualidade.
- Gente Como a Gente (Ordinary People, 1980), filme dirigido por Robert Redford, retrata o luto e o trauma enfrentado por uma família após a morte de um dos filhos, numa abordagem delicada sobre culpa, silêncio e afeto.
- A Vida É Bela (La Vita è Bella, 1997), obra-prima de Roberto Benigni, mostra a história de um pai judeu que usa humor e imaginação para proteger o filho dos horrores do Holocausto. O filme recebeu três Oscars, incluindo o de Melhor Ator e Melhor Filme Estrangeiro.
A escolha das obras e o encontro com os artistas não são iniciativas isoladas. O evento integra uma série de ações promovidas pelo Vaticano para estreitar laços com o mundo das artes. Em 2023, o papa Francisco — antecessor de Leão XIV — reuniu-se com artistas plásticos, e em 2024, recebeu humoristas de várias partes do mundo, incluindo nomes brasileiros como Fábio Porchat e Cacau Protásio.
Essas audiências integram o calendário do Jubileu dos Artistas e do Mundo da Cultura, celebrado oficialmente em fevereiro passado, como uma forma de reconhecer a arte como instrumento de transformação, diálogo e elevação espiritual.
A relação de Leão XIV com a arte não é apenas institucional. A divulgação espontânea de seus filmes favoritos indica um líder que se conecta emocionalmente com o cinema, valorizando narrativas que evidenciam a dignidade humana. Em tempos de conflitos, intolerância e desesperança, a opção por títulos que exaltam o bem comum revela um posicionamento claro sobre o papel da arte como aliada na construção de pontes.

