
Em um cenário mundial marcado por tensões políticas, riscos de novos conflitos e urgência nas questões climáticas que estarão em pauta na COP 30, no Brasil, a música ressurge como ponte entre culturas. A chamada diplomacia cultural transforma a arte em ferramenta de escuta, diálogo e reconexão humana.

Exemplo dessa força simbólica é a Orquestra Indígena, formada por jovens de diversas etnias e criada em 2016 como projeto social da Fundação Ueze Zahran. O grupo integra instrumentos e saberes tradicionais com elementos da música clássica e da cultura popular brasileira, criando apresentações que emocionam e provocam reflexão.

Mais que espetáculos, os concertos se tornam espaços de encontro entre mundos distintos. As composições e falas dos jovens músicos trazem reverência à terra, à água e às florestas, num chamado à preservação ambiental e ao respeito entre povos.
Após se apresentar em palcos importantes do Brasil, como o Memorial da América Latina, em São Paulo, a Orquestra Indígena inicia em agosto sua primeira turnê internacional, passando por Portugal e, em setembro, pela Espanha. A estreia fora do país amplia o alcance do projeto e reforça sua vocação para gerar diálogos de paz.

O maestro Eduardo Martinelli, referência internacional em iniciativas musicais de caráter social e intercultural, atua na direção artística do grupo. Sua experiência em projetos educativos ao redor do mundo contribui para integrar as raízes culturais indígenas com práticas musicais universais, consolidando a orquestra como coletivo artístico de relevância nacional.
Para além dos gabinetes onde líderes debatem o clima e a paz, como acontecerá na COP 30, a arte desses jovens lembra que a preservação da vida também pulsa nos palcos — e que a música, quando nasce das raízes, pode ser o mais poderoso elo entre povos.
