
Se estivesse vivo, B.B. King completaria 100 anos nesta semana. Mesmo após sua morte, em 2015, o "Rei do Blues" segue vivo nas lembranças, nas gravações e nos palcos que ele encantou ao redor do mundo. Um desses palcos foi o Bourbon Street Music Club, em São Paulo, onde o artista se apresentou pela primeira vez em 1993 — e voltou outras sete vezes.

Na entrada da tradicional casa de shows no bairro de Moema, uma guitarra Gibson Les Paul autografada por B.B. King chama atenção de quem passa. É uma homenagem ao músico que inspirou a fundação do local, idealizado por Edgard Radesca e seus sócios Luiz Fernando Mascaro, Clóvis César e Edmilson Santill.
A conexão com B.B. King começou de forma inusitada. Radesca, então sem recursos, descobriu que o astro faria turnê pela América do Sul e organizou uma vaquinha entre amigos para tentar contratá-lo. Para surpresa do grupo, o valor arrecadado foi suficiente para garantir quatro shows no Bourbon. A estreia foi um sucesso e, a partir dali, a relação com o músico cresceu.
"Ele voltou outras sete vezes e nós organizamos 41 apresentações dele no Brasil e também em Buenos Aires", lembra Radesca, hoje com 78 anos. O empresário afirma que acompanhou pessoalmente todos os shows.
Com o passar do tempo, a relação entre Radesca e B.B. King ultrapassou o vínculo profissional. Os dois se tornaram amigos, e o músico chegou a frequentar a casa do empresário. Um episódio marcante ocorreu após um almoço, quando Célia, esposa de Radesca, preparou uma refeição com peixe, frango e frutas. B.B. King adorou as mangas, mas o excesso teve consequências.
"Durante o show, ele saiu do palco de repente. Fui ver o que estava acontecendo e ele estava no banheiro. A banda seguiu tocando. Quando voltou, ele sorriu para o público, esfregou a barriga e disse: 'Manga...'", conta Radesca, entre risos.
B.B. King faleceu em maio de 2015, aos 89 anos, após enfrentar uma série de complicações de saúde, como Alzheimer, diabetes e problemas cardíacos. Radesca fez questão de comparecer ao funeral público realizado em Las Vegas e também à cerimônia privada no Mississippi, onde o artista nasceu.
No centenário de nascimento de B.B. King, seu legado segue vivo não apenas em gravações e prêmios, mas nas memórias que deixou no Brasil. No Bourbon Street, a presença do músico ainda é sentida — tanto em objetos como a famosa Lucille autografada, quanto nas histórias que se tornaram parte da identidade da casa.
