
O município de Nioaque, em Mato Grosso do Sul, está vivendo um momento transformador com o projeto NIOAC – Turismo e Cultura Indígena, que envolve as comunidades Terena e Atikum na implementação de práticas de turismo de base comunitária. Lançado em julho de 2025, o projeto visa fortalecer a autonomia das comunidades indígenas, promover a valorização cultural, gerar renda e inserir as terras indígenas no circuito do turismo de forma sustentável.

Liderado pela Prefeitura de Nioaque, com apoio da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul (Fundtur/MS) e do Sebrae, o NIOAC segue a metodologia do Turismo de Base Comunitária (TBC) e está alinhado com as diretrizes da Fundação Nacional do Índio (Funai). O eixo principal do projeto é a construção coletiva do Plano de Visitação das Terras Indígenas, com participação ativa das lideranças e famílias indígenas.
Com encontros regulares, o projeto é moldado pelas necessidades e desejos locais, sempre com o objetivo de preservar as tradições, receber os visitantes com autenticidade e garantir que os benefícios do turismo fiquem dentro das comunidades. As famílias indígenas têm sido as protagonistas da implementação do projeto, que envolve o fortalecimento de centros de memória, a organização da produção de artesanato e gastronomia típica, e o preparo de espaços acolhedores para os turistas.
Em julho, a agenda do projeto percorreu diversas comunidades, como Água Branca, Vila Atikum, Brejão, Taboquinha e Cabeceira. Entre as ações realizadas estão a validação dos mapas turísticos, a apresentação de planos de negócios e a inclusão de registros culturais, como a dança putu-putu, que agora faz parte do banco de imagens do projeto.
Um dos marcos recentes foi a realização da 2ª reunião do Conselho Municipal de Turismo (COMTUR), onde representantes indígenas, técnicos, empresários e gestores públicos se reuniram para discutir o avanço do turismo em Nioaque. A elaboração do Plano Municipal de Turismo, a revisão da legislação e os critérios para o avanço de Nioaque no Mapa do Turismo Brasileiro também foram discutidos.
O projeto também traz inovação com a proposta de turismo virtual, que permitirá que visitantes de todo o mundo tenham uma vivência imersiva das experiências culturais indígenas, respeitando as tradições e garantindo a autenticidade do projeto. Essa medida busca ampliar o alcance do turismo, sem abrir mão da essência cultural das comunidades.
O prefeito de Nioaque, André Guimarães, enfatizou que o NIOAC vai além de um simples projeto de turismo: “O NIOAC é mais que turismo, é transformação social. Estamos valorizando nossas raízes, fortalecendo a cultura indígena e abrindo caminhos para um desenvolvimento justo, sustentável e com identidade.” O prefeito também reafirma o compromisso da Prefeitura com o fortalecimento do protagonismo indígena e com o respeito às tradições.
O diretor-presidente da Fundtur/MS, Bruno Wendling, destacou a importância do projeto para o fortalecimento do turismo de base comunitária no estado. “É uma política que valoriza as comunidades locais e diversifica a oferta turística de Mato Grosso do Sul, promovendo um turismo que integra e respeita as comunidades”, disse Wendling.
Com a metodologia adotada e o envolvimento direto das comunidades, o projeto NIOAC já apresenta resultados concretos, como o aumento da autoestima das comunidades, novas oportunidades econômicas e o fortalecimento da identidade local. O consultor técnico Sidnei Varanis destacou que o turismo no território indígena surge da escuta das famílias e do protagonismo delas, pilares fundamentais para a sustentabilidade do projeto.
O NIOAC, com bases sólidas em aspectos técnicos, culturais e jurídicos, reafirma a importância de um turismo responsável, que respeita as culturas e contribui para o desenvolvimento local e regional.
