
Às 9h30 da manhã desta terça-feira, o som do violão, do violino e da voz soprano vai preencher o pátio da Escola Municipal Isauro Bento Nogueira, no distrito de Anhanduí, zona rural de Campo Grande. O concerto marca o encerramento da segunda edição municipal do projeto Música Erudita nas Escolas, que desde o início do ano circula por escolas públicas da cidade.
A apresentação é gratuita e pensada para os estudantes do 5º ao 9º ano. Cerca de 150 alunos, com idades entre 10 e 15 anos, vão assistir ao espetáculo do trio Opus Vivare, formado pelo violonista Evandro Dotto, pela soprano Bianca Danzi e pelo violinista Gabriel Almeida. Mais do que uma pausa na rotina escolar, a manhã promete uma viagem sonora por um universo pouco comum no interior de Mato Grosso do Sul.
O diretor da escola, Júlio dos Santos, diz que iniciativas como essa são raras por ali. Ele acredita que a música pode ser um caminho para desenvolver nos alunos valores como foco e disciplina, além de despertar um novo interesse. A escola, como muitas do campo, tem poucas oportunidades culturais. A chegada de um concerto, então, é recebida como algo maior do que um simples evento.
Evandro Dotto, idealizador do projeto, explica que esta edição do Música Erudita nas Escolas veio atender pedidos feitos ainda no ano passado. Escolas que não haviam sido contempladas na primeira fase insistiram. Agora, finalmente, recebem o concerto. Ele conta que a ideia nasceu da vontade de levar a música erudita para lugares onde ela quase nunca chega. E que os resultados, medidos nas reações dos alunos, compensam.
Alegria que ecoa: após o concerto, o trio Opus Vivare posa com os alunos, celebrando a música, o aprendizado e a emoção compartilhada nesta edição do projeto.Depois das apresentações, as crianças desenham, escrevem bilhetes, pedem autógrafos. Algumas guardaram os livretos do ano anterior só para encontrar os músicos de novo. Isso, para o artista, mostra que o contato com a arte toca fundo e pode transformar. Ele diz que o projeto tem forte caráter educacional. Os livretos distribuídos nas apresentações servem de material para aulas de artes, história ou português. É uma forma de mostrar que a arte se conecta com muitas áreas do conhecimento.
O Música Erudita nas Escolas está na sua quarta edição geral. Passou por nove municípios e realizou mais de vinte concertos. Em Campo Grande, a etapa atual foi financiada com recursos da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura, do Ministério da Cultura, por meio de edital da Fundac e da Prefeitura de Campo Grande, com apoio da Secretaria Municipal de Educação.
Com a última apresentação agendada para Anhanduí, o projeto encerra mais um ciclo. E deixa, para cada estudante, uma lembrança que talvez vá além da manhã de terça: a ideia de que a arte, mesmo quando distante, pode tocar quem estiver disposto a ouvir.


