1º Encontro Regional MIDIACOM MS
LUTO

Morre Jonir Figueiredo, artista que ajudou a formar a identidade cultural de MS

Artista usou sua obra para retratar o Pantanal e valorizar a cultura do Mato Grosso do Sul

27 julho 2025 - 19h46Ricardo Eugenio
Artista Jonir Figueiredo, ícone da cultura de MS e criador do Movimento Guaicuru, morre aos 73 anos em Bonito
Artista Jonir Figueiredo, ícone da cultura de MS e criador do Movimento Guaicuru, morre aos 73 anos em Bonito - (Foto: Diego Cardoso /Fotografando Bonito)

O artista plástico Jonir Figueiredo, 73, morreu na madrugada de sábado (26), em Bonito (MS), onde participava do Festival de Cinema Bonito Cinesur. Referência na cultura sul-mato-grossense, ele foi velado neste domingo (27), no Centro Cultural José Octávio Guizzo, em Campo Grande, com a presença de amigos, familiares, artistas e admiradores.

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Natural de Corumbá, Jonir era desenhista, pintor, gravador e performer. Fundador do Movimento Cultural Guaicuru nos anos 1970, ajudou a consolidar uma identidade artística local após a criação do estado de Mato Grosso do Sul.

Produção engajada -A obra de Jonir Figueiredo se destacou pelo engajamento político e ambiental. Em seus desenhos e colagens, retratava o Pantanal, a fauna local e denunciava a caça predatória, em especial dos jacarés.

“A obra dele contribuiu muito para a denúncia de crimes ambientais. Era um trabalho forte”, disse o designer gráfico Celso Arakaki, que acompanhou de perto a trajetória do artista.

Amigo desde os anos 1980, o jornalista Geraldo Duarte Ferreira afirmou que a ligação de Jonir com a natureza era visível. “Ele vivia cada dia como se fosse o último e colocava isso na arte, principalmente na forma como retratava o meio ambiente.”

Coletivo acima do individual - Além de produzir, Jonir se dedicava à formação de novos artistas e à valorização da produção cultural coletiva. “Mesmo sem dinheiro, ele fazia acontecer. Inventava prêmios, organizava cursos, colocava os outros em evidência”, lembrou a artista Ana Ruas.

Sua sobrinha, Fernanda Figueiredo, disse que o tio era um incentivador. “Ele começava sendo professor. Tinha ligação forte com crianças e às vezes deixava a própria arte de lado para destacar a de outra pessoa.”

Movimento Guaicuru - Nos anos 1970, Jonir foi um dos fundadores do Movimento Cultural Guaicuru, iniciativa coletiva que buscava traduzir, por meio da arte, as contradições e expectativas do recém-criado Mato Grosso do Sul.

Para o artista Jorge de Barros, que conviveu com Jonir dentro e fora das atividades culturais, ele representava um marco. “Pintava bichos, mapas, o Pantanal. A arte dele era essencial para nossa cultura.”

Legado e reconhecimento - Em vida, Jonir foi reconhecido por sua atuação artística e sua militância cultural. Recentemente, lançou o livro Jonir: uma trajetória de vida construída com arte, com registros de diferentes fases de sua carreira.

A professora e artista Lúcia Mont Serrat considera Jonir símbolo de resistência: “Sempre envolveu pessoas e lutou pela cultura do estado. Estava à frente do seu tempo.”

A despedida em Campo Grande teve momentos de emoção e homenagens. A artista Patrícia Helney, amiga de longa data, destacou o vínculo afetivo com Jonir: “Ele sempre pintou o MS e nunca saiu da sua essência. É muito dolorido se despedir de alguém tão generoso.”

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