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LUTO NO CINEMA

Morre Peter Watkins, pioneiro do "docudrama" e vencedor do Oscar por O Jogo da Guerra

Diretor britânico, que completou 90 anos um dia antes da morte, revolucionou o cinema ao misturar realidade e ficção em obras marcantes.

2 novembro 2025 - 15h45André Carlos Zorzi
Peter Watkins revolucionou o cinema ao criar narrativas que uniam realidade e ficção, como em O Jogo da Guerra, vencedor do Oscar de 1966.
Peter Watkins revolucionou o cinema ao criar narrativas que uniam realidade e ficção, como em O Jogo da Guerra, vencedor do Oscar de 1966. - Foto: Reprodução

O diretor britânico Peter Watkins, vencedor do Oscar de Melhor Documentário por O Jogo da Guerra (1966), morreu na última quarta-feira (30), um dia após completar 90 anos. Reconhecido como pioneiro do estilo “docudrama”, Watkins ficou conhecido por explorar os limites entre realidade e ficção em suas produções.

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Lançado em março de 1966, O Jogo da Guerra imaginava os efeitos de um ataque nuclear no Reino Unido, combinando dados reais, entrevistas encenadas e imagens documentais. A obra utilizava informações sobre os bombardeios de Hiroshima e Nagasaki para construir um cenário realista e perturbador sobre o impacto da guerra.

Segundo o British Film Institute (BFI), o filme foi inicialmente produzido para ser exibido na BBC, mas acabou censurado pelo diretor-geral da emissora, que considerou o conteúdo “muito horrendo para o meio de comunicação”. Mesmo assim, o longa conquistou o Oscar e se tornou uma das obras mais influentes do cinema político moderno.

Retrato de um gênio - Outro trabalho marcante de Watkins foi Edvard Munch (1974), produzido originalmente como minissérie e depois transformado em longa-metragem de quase três horas. O filme traça uma cinebiografia não linear do pintor expressionista norueguês Edvard Munch, mostrando suas dores pessoais e influências artísticas.

Com uma narrativa experimental, o filme explora as perdas familiares — mãe e irmã morreram de tuberculose — e o desequilíbrio emocional do pai, aspectos que moldaram a visão artística do pintor. O diretor sueco Ingmar Bergman (1918–2007) chegou a definir a obra como “trabalho de um gênio”.

Um cineasta inquieto - Conhecido por sua postura crítica e estilo provocador, Watkins acabou sendo visto como persona non grata no Reino Unido, o que o levou a trabalhar em outros países ao longo da carreira. Ainda assim, manteve uma trajetória marcada por obras que questionavam instituições políticas e sociais.

Seu último filme, Comuna de Paris, 1871 (2000), tem quase seis horas de duração e reconstitui o episódio histórico francês com o olhar característico do diretor: documental, intenso e reflexivo.

Peter Watkins deixa um legado de inovação e coragem criativa, sendo considerado uma das vozes mais originais e contestadoras do cinema contemporâneo.

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