
Bob Wilson, um dos maiores nomes do teatro mundial, morreu nesta quinta-feira, 31, aos 83 anos, em Nova York. A causa da morte foi uma “doença breve, mas aguda”, segundo comunicado divulgado no site oficial do artista, embora a natureza da enfermidade não tenha sido revelada.

Ao longo de sua carreira, Wilson se consolidou como uma das mentes mais criativas e inovadoras do teatro global. Famoso por seu estilo minimalista e extremamente impactante, ele também se destacou como arquiteto, iluminador, pintor, escultor e dramaturgo. Com montagens pouco convencionais, Wilson ficou conhecido por adaptar textos de grandes autores como William Shakespeare, Samuel Beckett, Bertolt Brecht e Umberto Eco, sempre imprimindo sua marca pessoal nas produções.
O diretor também se notabilizou por sua perfeição técnica, sendo o responsável pela cenografia e desenhos de luz de suas próprias peças. Seu trabalho artístico não se limitava ao teatro; ele fez parcerias com músicos como Lou Reed, David Byrne, Tom Waits e Philip Glass, além de adaptar obras de Richard Wagner para o universo da ópera.
Nascido em 1941, no Texas, Wilson se formou arquiteto antes de seguir sua verdadeira paixão: o teatro. Mudou-se para Nova York na década de 1960, onde começou sua trajetória no cenário teatral. Seu primeiro grande sucesso internacional veio em 1975, com a montagem da ópera Einstein on the Beach, em colaboração com o compositor Philip Glass.
Em 1992, Wilson fundou o The Watermill Center, um centro artístico em Nova York que se tornou um "laboratório de artes e humanidades", oferecendo espaço e liberdade para a criação de novas obras.
Wilson teve uma relação estreita com o Brasil, realizando diversas visitas ao país e apresentando seus espetáculos a públicos brasileiros. Entre suas montagens mais conhecidas no Brasil estão A Última Gravação de Krapp, de Samuel Beckett, Ópera dos Três Vinténs, de Brecht, e Lulu, de Frank Wedekind e Lou Reed. Em 2016, ele criou o espetáculo Garrincha: Uma ópera das ruas em São Paulo, inspirado na vida do jogador de futebol brasileiro e baseado na biografia de Ruy Castro.
A nota publicada em seu site afirma que, mesmo diante do diagnóstico, Wilson seguiu trabalhando até o fim. "Enquanto enfrentava seu diagnóstico com olhos abertos e determinação, ele ainda sentia a necessidade de continuar trabalhando e criando até o fim. Suas obras para o palco, no papel, esculturas e retratos em vídeo, assim como o Watermill Center, permanecerão como o legado artístico de Robert Wilson", afirmou o comunicado.
