A sede do Instituto Moinho Cultural Sul-Americano, em Corumbá, é o lugar onde mais de 500 artistas estão reunidos para construir uma travessia. Não se trata de uma viagem comum, mas de uma caminhada simbólica. O espetáculo Moinho in Concert 2025 entra agora na reta final dos ensaios e promete, nos dias 13 e 14 de dezembro, transformar o céu pantaneiro em palco para um enredo inspirado no antigo Caminho de Peabirú.
A dramaturgia e a direção geral são assinadas por Márcia Rolon, que há anos costura narrativas entre a história, o corpo e a memória. Ela explica que a montagem deste ano aproxima o caminho sagrado dos povos originários de um jogo de amarelinha. Diz que sonha em levar cada pessoa para o seu próprio céu.
O espetáculo é costurado com muitas mãos, literalmente. Além dos músicos, bailarinos e coralistas, há mães de participantes confeccionando as vestes da orquestra dentro do próprio instituto. Esse gesto aproxima as famílias do processo artístico e movimenta a economia local, ativando a cadeia produtiva da cidade.
A trilha sonora foi criada a partir da música barroca sul-americana, com arranjos feitos por ex-participantes do Moinho, hoje músicos formados. A direção musical valoriza a tradição e, ao mesmo tempo, reafirma o papel pedagógico da instituição.
No palco, a concepção coreográfica é de Fernando Martins. A ele se juntam nomes como a ex-primeira bailarina do Stuttgart Ballet Beatriz Almeida, o ator Arce Correia, e o artista boliviano Leoni Antequera. A diversidade de sotaques e vivências dá forma a um espetáculo que mistura dança, teatro, música e artes visuais.
Toda essa construção será registrada pelo recém-estruturado Núcleo de Tecnologia do Instituto. Com equipamentos adquiridos via emenda parlamentar do vereador Paulo Duarte, o núcleo garantirá a captação audiovisual da montagem, que será transmitida em canal aberto pela TV Morena.
A realização é coletiva, como tudo o que o Moinho Cultural faz desde sua fundação, há 21 anos. O Instituto, que já atendeu mais de 25 mil crianças e adolescentes, atua na fronteira oeste do Brasil oferecendo formação cultural, acesso à tecnologia e cidadania.
