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LITERATURA

Livro revela os bastidores do presídio de Tremembé

Autor de best-sellers de true crime, Ullisses Campbell lança obra que mergulha nas histórias de criminosos famosos e anônimos do presídio mais temido do Brasil

16 setembro 2025 - 11h05Laysa Zanetti
O autor Ulllisses Campbell, autor de livros sobre autores de crimes brutais, lança 'Tremembé: O Presídio dos Famosos'
O autor Ulllisses Campbell, autor de livros sobre autores de crimes brutais, lança 'Tremembé: O Presídio dos Famosos' - Foto: @ullissescampbell via Instagram
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Conhecido como o “presídio dos famosos”, o Complexo Penitenciário de Tremembé, em São Paulo, não abriga apenas nomes de repercussão nacional. Por trás dos muros, estão também anônimos que cometeram crimes considerados tão brutais que sua sobrevivência em outras penitenciárias seria improvável. É nesse universo sombrio e complexo que o jornalista e autor Ullisses Campbell mergulha em seu novo livro: Tremembé: O Presídio dos Famosos, lançado pela editora Matrix.

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Diferente de suas obras anteriores — centradas em figuras específicas como Suzane von Richthofen e Elize Matsunaga — o novo livro traz uma antologia de histórias reais, cada capítulo focado em um detento diferente. “Pensei que seria mais fácil, mas cada capítulo virou praticamente um livro. Foi muito mais trabalhoso”, conta o autor.

A obra apresenta os crimes, perfis psicológicos e a rotina de presidiários que dividem o mesmo espaço, desde os mais midiáticos até aqueles pouco conhecidos do grande público. Para organizar a narrativa, Campbell dividiu o livro por temas: crimes de mulheres, disputas de poder, privilégios entre presos ricos, e até eventos como campeonatos de futebol e desfiles de miss dentro da penitenciária.

“Não quis que fosse uma colcha de retalhos para apenas chocar. Fiz uma curadoria cuidadosa para dar sentido e conexão entre as histórias”, explica.

Além dos já conhecidos casos de Suzane, Elize e Nardoni, o autor promete mais no volume 2, previsto para 2026. Estarão no próximo livro histórias como a de Mateus da Costa Meira, autor do massacre no Shopping Morumbi, e Guilherme Longo, que matou o enteado de três anos com doses letais de insulina.

Para escrever, Campbell visitou o presídio, conversou com presos durante as famosas "saidinhas" e recebeu cartas e mensagens até mesmo de pessoas que estão prestes a cometer crimes. Segundo ele, mulheres presas tendem a se abrir mais, enquanto os homens o veem como “X9”.

Sobre a obra

Suzane volta a ser personagem na nova obra, com foco em sua vida após a prisão e seus estudos de Biomedicina. Campbell observa o fascínio do público por ela: “O brasileiro tem um fetiche por Suzane. Recebo mensagens perguntando se ela está solteira ou como se corresponder com ela.”

O autor acredita que o estereótipo de “criminosa sensual” — mulher branca, bonita, loira e rica — contribui para esse interesse contínuo, como já aconteceu com serial killers famosos nos Estados Unidos.

Em tempos de true crime em alta, Campbell destaca que sua proposta é humanizar os criminosos, sem idealizar ou romantizar. “Essas pessoas continuam vivendo, amando, odiando. Continuam humanas. O incômodo vem quando colocamos o criminoso no mesmo nível social do leitor”, avalia. Para ele, humanizar é reconhecer a complexidade, não justificar os atos.

Tremembé: O Presídio dos Famosos também vai ganhar uma série documental no Prime Video, com estreia marcada para 31 de outubro. Inspirada nos livros de Campbell, a produção traz Marina Ruy Barbosa no papel de Suzane, além de Bianca Comparato como Anna Jatobá e Felipe Simas como Daniel Cravinhos.

Com cinco episódios, a série pretende mostrar como esses criminosos interagem, disputam espaço e sobrevivem dentro de uma das penitenciárias mais temidas do Brasil. A pré-estreia acontece no Festival do Rio, em 8 de outubro.

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