Encerrando três dias de celebração da cultura japonesa em Dourados, a 22ª edição da Japão Fest reforçou os laços históricos e culturais entre Brasil e Japão. O evento aconteceu entre os dias 7 e 9 de novembro e teve seu encerramento prestigiado pelo governador Eduardo Riedel, que participou da festa na noite de domingo (9).
“É a primeira vez que venho à Japan Fest em Dourados e fiquei impressionado com a dimensão da festa e a força da comunidade japonesa aqui no Estado”, declarou Riedel, destacando o papel da tradição nipônica na formação cultural de Mato Grosso do Sul.
Realizada pela Comissão Organizadora da Comunidade Nipo-Brasileira de Dourados e Região, a festa contou com apresentações de dança, karaokê, exibições de taiko (tambores japoneses), artes marciais, gastronomia típica e o tradicional Bon Odori, dança coletiva que celebra os antepassados.
Com apoio do Governo do Estado, a Japan Fest de Dourados se consolidou como uma das maiores festas culturais do calendário sul-mato-grossense. Para Nélio Kurimori, presidente da associação organizadora, o sucesso do evento é fruto da união comunitária e da valorização da cultura imigrante.
“O apoio do Governo do Estado é fundamental para realizar este evento, por isso agradecemos a parceria. Com exemplo de união trabalhamos na sociedade”, afirmou Kurimori durante o encerramento.
A edição deste ano teve um peso simbólico especial: celebrou os 130 anos das relações diplomáticas entre Brasil e Japão, estabelecidas oficialmente em 1895. Esse marco histórico reforça o intercâmbio cultural e comercial entre os dois países — relação que tem forte presença em Mato Grosso do Sul, onde a imigração japonesa deixou raízes profundas.
Riedel também lembrou os esforços recentes para estreitar ainda mais esses laços: “Recebemos recentemente a princesa Kaku, estive no Japão para abrir mais mercados para o nosso Estado. E com a futura Rota Bioceânica, essa aproximação será ainda maior”.
A história da imigração japonesa no Brasil começou em 1908, com a chegada do navio Kasato Maru ao Porto de Santos, trazendo 781 imigrantes. Muitos desses pioneiros, após experiências difíceis nos cafezais paulistas, migraram para o interior do Brasil — incluindo o atual território de Mato Grosso do Sul.
Entre 1914 e 1922, diversas famílias japonesas se estabeleceram em Campo Grande após participarem da construção da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil. Com o fim das obras, muitos passaram a trabalhar na produção de hortifrutigranjeiros e no comércio de alimentos.
Outros imigrantes chegaram por rotas distintas, como a via fluvial da Bacia do Rio Paraguai, alcançando Corumbá através de Porto Esperança. A adaptação não foi fácil: além da barreira da língua, os japoneses enfrentaram o choque cultural, dificuldades climáticas e até o preconceito.
Ainda assim, perseveraram. Criaram as primeiras associações regionais — as Kenjinkai — que funcionavam como redes de apoio entre conterrâneos e ajudaram a preservar tradições, fortalecer identidades e construir uma base sólida para o desenvolvimento de suas comunidades.
Japan Fest em Dourados celebra cultura japonesa e 130 anos de laços Brasil-Japão com apoio do governo (Foto: Bruno Rezende\Secom)
A Japan Fest é reflexo desse legado. Mais que um evento cultural, a festa é símbolo da resiliência e da integração da comunidade nipo-brasileira ao longo de mais de um século de presença no Brasil. Em Dourados, cidade com uma das maiores colônias japonesas do Estado, a festa reforça o respeito às tradições e a continuidade desse intercâmbio entre gerações.
