Em mais de 120 anos de história, o Prêmio Nobel jamais foi concedido a um brasileiro em nenhuma de suas categorias — Medicina, Física, Química, Literatura, Paz e Economia. Mesmo assim, o país já teve cientistas e pesquisadores reconhecidos internacionalmente por descobertas marcantes que chegaram a render indicações ao prêmio.
O físico César Lattes (1924–2005) é considerado o brasileiro que mais se aproximou da conquista. Ele foi indicado sete vezes entre 1950 e 1956, após participar da descoberta do méson pi, partícula que mantém os prótons e nêutrons unidos no núcleo do átomo. Apesar de o britânico Cecil Powell, seu orientador na Universidade de Bristol, ter recebido o Nobel de Física em 1950, a descoberta foi publicada por Lattes na revista Nature em 1947, abrindo caminho para a física das partículas elementares.
Outro nome importante é o do médico Manoel de Abreu (1891–1962), indicado três vezes ao Nobel de Medicina (1946, 1951 e 1953). Ele criou a abreugrafia, exame rápido e acessível que revolucionou o diagnóstico precoce da tuberculose, reduzindo drasticamente o número de mortes pela doença.
O sanitarista Carlos Chagas (1879–1934) também recebeu duas indicações, em 1913 e 1921, por descobrir todo o ciclo da Doença de Chagas e realizar pesquisas pioneiras sobre a malária.
Na área da Física, Mario Schenberg (1914–1990) foi indicado em 1983. Considerado um dos maiores físicos teóricos do país, ele fez avanços importantes na astrofísica e colaborou com nomes como Enrico Fermi e Subrahmanyan Chandrasekhar — este último vencedor do Nobel naquele mesmo ano.
Em 1997, a agrônoma Johanna Dobereiner (1924–2000) recebeu uma indicação ao Nobel de Química por suas pesquisas sobre fixação biológica de nitrogênio, fundamentais para o aumento da produtividade agrícola e para o desenvolvimento do Programa Nacional do Álcool.
Dois anos depois, em 1999, o químico Otto Gottlieb (1920–2011) foi indicado ao Nobel de Química por estudos sobre a estrutura química de plantas, que ajudaram a avaliar a conservação de ecossistemas brasileiros.
Outros cientistas, embora nunca oficialmente indicados, também foram cotados para o prêmio. Entre eles, o médico Vital Brazil (1865–1950), criador de soros antiofídicos e fundador do Instituto Butantan, e o sanitarista Oswaldo Cruz (1872–1917), responsável por campanhas de erradicação da febre amarela, varíola e peste bubônica no Brasil.
Mais recentemente, o escritor Milton Hatoum apareceu entre os cotados ao Nobel de Literatura de 2025, segundo o site britânico de apostas NicerOdds. Os vencedores deste ano começam a ser anunciados a partir desta segunda-feira (6).
