
*Alerta: o texto abaixo aborda temas sensíveis como estupro, violência doméstica e violência contra a mulher. Se você se identifica ou conhece alguém que está passando por esse tipo de problema, ligue 180 e denuncie.

O humorista Cristiano Pereira, conhecido por sua participação no programa A Praça é Nossa, do SBT, foi condenado a 18 anos, 4 meses e 15 dias de prisão em regime fechado pelo crime de estupro de vulnerável. A decisão partiu da 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) e foi confirmada nesta sexta-feira, 26, pela advogada Aline Rübenich, que representa a mãe da vítima.
De acordo com a defesa, Cristiano havia sido absolvido em primeira instância. No entanto, a segunda instância reformou a sentença. O advogado do humorista, Edson Cunha, afirmou em nota que a condenação contraria as provas periciais constantes no processo. “Diante desse cenário, serão adotadas as medidas judiciais cabíveis perante as instâncias superiores”, diz o comunicado assinado por Cunha.
O processo segue sob segredo de justiça, e até o momento, o SBT informou não ter sido notificado oficialmente sobre a decisão judicial. Segundo o tribunal, o caso já havia tramitado em primeiro grau antes de ser revisado e modificado na segunda instância.
Reação da família da vítima
Aline Rübenich declarou que a condenação representa uma resposta firme da Justiça diante de um caso grave de violência sexual contra uma criança. “A decisão unânime escancara a gravidade de um caso emblemático de violência sexual já julgado no Estado e marca uma resposta contundente da Justiça contra crimes cometidos contra crianças e adolescentes”, afirmou.
A advogada também revelou que, paralelamente ao processo criminal, o humorista tentou mover uma ação contra a mãe da vítima por suposta alienação parental, o que ela classificou como uma tentativa de silenciar as denúncias. “Esse expediente, infelizmente, é recorrente em casos de violência, onde mulheres e mães são perseguidas judicialmente para que a verdade não venha à tona”, afirmou.
Ela ainda ressaltou a importância da decisão para o enfrentamento da violência contra crianças: “A decisão judicial é um passo decisivo para que não existam próximas vítimas. E um lembrete urgente: o silêncio só protege agressores”.
O que diz a defesa de Cristiano Pereira
O advogado de Cristiano Pereira reforça que a sentença de primeira instância reconheceu a ausência de provas do crime. Segundo ele, todos os laudos periciais oficiais, produzidos pelo Departamento Médico Legal do Rio Grande do Sul, atestaram que o fato não ocorreu. Além disso, o delegado que conduziu a investigação não indiciou o humorista e chegou a ser testemunha de defesa.
“A decisão judicial ainda não foi publicada oficialmente pelo TJRS, o que nos impede de apresentar a íntegra das razões do julgamento. Contudo, mantemos plena confiança no reconhecimento do equívoco por parte da segunda instância, pois nenhuma das provas analisadas sob o crivo do contraditório foi devidamente considerada no novo julgamento”, conclui Cunha.
Apesar da condenação, Cristiano Pereira segue com apresentações agendadas em comemoração aos seus 30 anos de carreira. Nesta sexta-feira, por exemplo, ele tem um show previsto em Palmas, no interior do Paraná.

