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A data de nascimento é controversa. Uma rápida pesquisa indica que a data poderia ser 4 de junho de 1897 o dia em que o terceiro filho do pequeno fazendeiro José Ferreira da Silva e de sua mulher Maria Lopes nasceu sob o nome de Virgulino Ferreira da Silva. Anos mais tarde, ele próprio iria marcar a história do Nordeste do País a ferro e fogo sob o codinome 'Lampião'.

Afinal quem foi Lampião, o maior ícone do movimento do cangaço? Adorado e odiado, herói e vilão, para uns o Robin Hood do sertão, para outros, um bandido assassino, cruel e sanguinário. As rixas entre famílias eram frequentes no sertão, em especial quando envolviam questões acerca dos limites das propriedades e uma dessas rixas envolveu a família de José Ferreira da Silva com seu vizinho José Saturnino. Além de alguns tiroteios, o conflito terminou com a decisão de um coronel local em favor de Saturnino.
Revoltado, Virgulino e dois irmãos teriam se juntado ao bando do cangaceiro Sinhô Pereira, em busca de vingança. Corria o ano de 1920 e - devido a sua capacidade de disparar consecutivamente, iluminando a noite - Virgulino ganhou o apelido de Lampião. Possivelmente em função disso, a polícia cercou o sítio da família e matou seu pai a tiros. Resultado: Lampião e os dois irmãos entraram definitivamente para o cangaço.
Em fins de 1930 ou começo de 1931, escondido na fazenda de um coiteiro - nome dado a quem acolhia os cangaceiros - conheceu Maria Déia Nenén, a mulher de um sapateiro, que se apaixonou por ele e com ele fugiu, ingressando no bando. A mulher de Lampião ficou conhecida como Maria Bonita e, a partir daí, várias outras mulheres se integraram ao bando.
Um pouco pela ambiguidade da vida dos cangaceiros - que às vezes atuavam como justiceiros, auxiliando os pobres, um pouco por contarem com o auxílio de coronéis a quem prestavam serviços, um pouco pela incompetência das autoridades locais, bem como pelo descaso do Governo federal, a vida de crimes do bando de Lampião prosseguiu por mais seis anos.
No dia 28 de julho de 1938, o bando foi cercado na fazenda de Angicos, atual município de Poço Redondo, em Sergipe, onde estavam acampados. Foram pegos de surpresa e muitos não conseguiram escapar,entre eles Lampião e Maria Bonita. De acordo com pesquisadores, o combate durou somente 10 minutos. Os cangaceiros foram decapitados e suas cabeças ficaram expostas no Museu Nina Rodrigues, em Salvador, até 1968.
Legado cultural
"Mulher Rendeira" é um antigo tema popular, muito cantado nos sertões nordestinos ao tempo de Lampião, e cuja origem é controversa. Segundo a versão mais conhecida do Pe. Frederico Bezerra Maciel, regionalista pernambucano e biógrafo de Lampião, o mesmo teria escrito os versos da versão original da música.A ele se acrescenta Câmara Cascudo, segundo o qual Lampião teria feito escrito a letra em homenagem ao aniversário de sua avó d. Maria Jocosa Vieira Lopes ("Tia Jacosa") em 15 de setembro, que era uma rendeira. Compôs a música entre setembro de 1921 e fevereiro de 1922, que tornou-se praticamente um hino de guerra dos cangaceiros do bando de Lampião, tendo inclusive relatos de que o seu ataque a Mossoró em 1927 teria sido feito com mais de 50 cangaceiros cantando "Mulher Rendeira".
Conheça outras obras culturais do 'mito nordestino':
- Capitães da Areia, obra literária de Jorge Amado (1937) (faz citações referentes a Lampião)
- O Cangaceiro, direção de Lima Barreto (1953)
- O Lamparina, dirigido por Glauco Mirko Laurelli (1963)
- Corisco, o Diabo Loiro, direção de Carlos Coimbra (1969)
- Lampião e Maria Bonita, minissérie brasileira produzida pela Rede Globo (1982)
- O Cangaceiro Trapalhão, direção de Daniel Filho (1983)
- Mandacaru, telenovela brasileira produzida pela Rede Manchete (1997)
- Baile Perfumado, direção de Lírio Ferreira e Paulo Caldas (1997)
- Canta Maria, dirigido por Francisco Ramalho Jr (2006)
- Cordel Encantado, telenovela brasileira produzida pela Rede Globo (2011)
- A Luneta do Tempo, filme brasileiro dirigido e escrito por Alceu Valença (2016)
