
Mais do que um dos principais eventos culturais do Centro-Oeste, o Festival de Inverno de Bonito (FIB) tornou-se também um impulsionador da economia regional. A edição de 2025, realizada entre os dias 20 e 24 de agosto, atraiu cerca de 20 mil visitantes e gerou R$ 23,2 milhões em impacto direto, conforme dados da Secretaria Municipal de Turismo e Desenvolvimento Econômico.

Com média de três dias de permanência e gasto individual de R$ 387 por dia, os turistas movimentaram intensamente setores como hotelaria, gastronomia, comércio e serviços turísticos, consolidando agosto como mês de alta temporada em Bonito.
Hotéis lotados e previsibilidade no faturamento - A rede hoteleira local, com mais de 100 estabelecimentos, registrou ocupação total durante os dias de festival. Para Silvia Schmidt, sócia-proprietária do Hotel Paraíso das Águas, a mudança do evento de julho para agosto foi estratégica. “No começo houve dúvida, mas já no primeiro ano ficou claro que foi um acerto. Agosto deixou de ser um mês morno e passou a garantir boa ocupação e faturamento”, afirma.
Segundo ela, essa previsibilidade beneficia toda a cadeia produtiva do turismo. “É um movimento que mantém o turista mais tempo na cidade, visitando lojas e consumindo. O festival gera alegria cultural, mas também segurança econômica. Deveríamos ter um por mês”, brinca.
Gastronomia atinge pico de vendas - Na gastronomia, o impacto é comparável aos períodos mais aquecidos do ano. O chef Sylvio Trujillo, do restaurante Bacuri, relata que as vendas durante o Festival aumentam até 80% em comparação com semanas normais.
“A mudança para agosto foi positiva. Antes era baixa temporada, e agora precisamos contratar temporários e reforçar o estoque. O Festival mudou a lógica da cidade”, diz. Ele destaca ainda o efeito duradouro, com novos empregos e projeção nacional da cidade como destino gastronômico de qualidade.
Comércio se adapta ao aumento da demanda - Nas lojas, a movimentação é notável. A vendedora Dila Gomes, da loja Cobra Verde, especializada em camisetas temáticas, conta que o festival eleva as vendas de forma significativa. “Reabastecemos o estoque porque sabemos que o movimento aumenta. A diferença em relação a meses normais é grande.”
Já na loja Macaco Prego, voltada para artesanato e souvenirs, o proprietário Cláudio Jacques calcula crescimento de até 30% nas vendas durante o evento. “Camisetas, bolsas, artesanato... sai de tudo um pouco. É mais trabalho, mas compensa. E ainda garante renda extra para a equipe”, relata.
Turismo alternativo ganha espaço - O gerente da agência Passeios & Co, Mariano Chiurazzi, destaca que o Festival muda o perfil do turista. “Ao invés de roteiros longos e caros, os visitantes preferem passeios avulsos e de menor duração, como balneários e trilhas leves. Assim, curtem o dia e aproveitam os shows à noite.”
Segundo ele, o Festival garante fluxo em um mês que, normalmente, seria de baixa. “Mantemos a agência ativa com cerca de 15 passeios por dia, quase o dobro do movimento das semanas normais.”
Cultura e sustentabilidade em sintonia - O FIB 2025 reforça também os pilares de acessibilidade e sustentabilidade. Com tradução simultânea em Libras, gerenciamento de resíduos, plantio de mudas e ações de educação ambiental, o evento extrapola o entretenimento e se alinha à agenda climática contemporânea.
Realizado pelo Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, com apoio da Prefeitura Municipal de Bonito, o Festival conta com quatro palcos temáticos — Sol, Águas, Futuro e Lua — que recebem artistas regionais e nacionais em uma programação que contempla música, teatro, dança, literatura, moda e artes visuais.
Cultura que gera renda - A força do Festival de Inverno de Bonito está justamente na sua capacidade de unir cultura e desenvolvimento regional. Em 2025, o evento reafirma que a valorização das manifestações artísticas pode andar de mãos dadas com o crescimento econômico, a geração de empregos e a projeção do destino no cenário nacional.
Com resultados positivos em todos os setores — da hotelaria ao artesanato —, o FIB já não é apenas uma festa: é um ativo estratégico para Bonito, consolidando a cidade como um lugar onde natureza, cultura e hospitalidade se encontram e se fortalecem mutuamente.
